terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Parlamento Europeu aprova relatório que prevê redução de 80 por cento das emissões até 2050

O Parlamento Europeu aprovou hoje o relatório final que traça a futura política integrada da União Europeia para a protecção do clima. O documento, aprovado por 570 votos a favor, 78 contra e 24 abstenções, prevê a redução de 80 por cento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) até 2050.
Em cima da mesa estava o relatório elaborado pela Comissão Temporária do Parlamento Europeu sobre as Alterações Climáticas, documento que defende, além da meta a longo prazo, uma meta a médio prazo visando uma redução de 25 a 40 por cento até 2020, em relação aos níveis de 1990.O grande objectivo é limitar o aumento médio da temperatura global em 2ºC, em relação ao nível pré-industrial.Para que isso aconteça, será necessário coordenar acções em 19 áreas, abrangendo temas como a energia, mobilidade, turismo, agricultura e florestas, recursos hídricos, pescas, saúde, emprego, financiamento, tecnologias da informação e comunicação e educação.O relatório aposta em medidas políticas e educacionais que não sejam subordinadas a “objectivos políticos a curto prazo”.Karl-Heinz Florenz, o relator do documento, salienta que “não existe uma via única e universal no combate às alterações climáticas”. A solução passa, nas suas palavras, pelo “aumento dramático da eficiência” na exploração dos recursos. “Devemos estar dispostos a enveredar por novos caminhos”, comenta. Em causa estará “um novo modelo de desenvolvimento sustentável para a União Europeia”.O relatório parte do pressuposto que estamos perante “um aumento da temperatura média global causado pelo homem devido a um estilo de vida que esbanja recursos em vez de os conservar”. Os eurodeputados destacam a necessidade de "não capitular perante a complexidade dos problemas relacionados com as alterações climáticas”. No final do ano, na conferência de Copenhaga, a comunidade internacional será chamada a prestar provas do seu comprometimento climático, quando chegar a altura de apresentar o sucessor do Protocolo de Quioto (1997), que expira em 2012.Mas o desafio será colocado também para aqueles que não estarão presentes em Copenhaga. “Só é possível combater com êxito as alterações climáticas se os cidadãos participarem plenamente no processo e forem protegidos durante o período de transição para uma economia neutra em termos de carbono", sublinha o Parlamento Europeu.Como entidade orçamental, em conjunto com o Conselho, o Parlamento Europeu salienta que, “nas próximas Perspectivas Financeiras, deverá dar a máxima prioridade às alterações climáticas e a medidas atinentes à sua contenção”.


Fonte: O Publico

Futuro verde constrói-se no deserto

Ecocidade. Líderes dos Emirados Árabes Unidos resolveram gastar os seus petrodólares no futuro sustentável do planeta. Masdar vai ser uma realidadeSultões vão investir 17 mil milhões de euros para levantar Masdar City Construída em três níveis erguidos sobre estacas, localizada no meio do deserto, vai ter campos de painéis solares e não vai emitir qualquer partícula de carbono. O seu nome: Masdar City, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), a primeira ecocidade do planeta. A cerca de 16 quilómetros da capital, Abu Dhabi, esta será, segundo os responsáveis pela iniciativa, "uma das primeiras e maiores concentrações de meio ecológicos do mundo." Vai custar 17 mil milhões de euros.É curioso como um país que pertence à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e é proprietário das cinco maiores reservas de petróleo do mundo queira lançar-se num ramo que contraria o principal negócio do país. Para o sultão Al Jaber, o objectivo é "transformar os EAU na Shell ou BP das energias renováveis."A cidade estará pronta em 2016. Desenhada pelo famoso arquitecto inglês Lord Foster, esta cidade de 6,5 quilómetros quadrados estará suspensa em cima de estacas a seis metros do chão para aumentar a circulação de ar e reduzir o calor emanado pelo deserto.Estará dividida em três níveis que separam os transportes das zonas residenciais e espaços públicos. Os automóveis não estão autorizados a circular. No nível inferior, os residentes serão transportados pela cidade por milhares de unidades PRT (personal rapid transit - transporte rápido e pessoal) controladas por ecrãs tácteis e conduzidas por sensores no chão.Seis metros acima estará o nível para os peões, onde casas, comércio e empresas estarão localizados. Este nível está proibido a veículos, excepto segways e bibicletas. Uma linha de light rail (eléctrico moderno) irá ligar Masdar City a Abu Dhabi. A electricidade se- rá gerada por painéis solares que serão colocados aos milhares em campos fora da cidade e nas coberturas dos edifícios. O lixo não orgânico será todo reciclado e o orgânico será convertido em energia de biomassa.Sesimbra queria construir ecocidade mas ambientalistas opuseram-sePlano verde. Bragança deseja rentabilizar energias limpas vendendo-asEm Portugal, apenas Sesimbra, no distrito de Setúbal, mostrou iniciativa para construir de raiz uma pequena ecocidade. O plano era erguer três empreendimentos turísticos aproveitando ao máximo os recursos ambientais e diminuindo os gastos de energia. A iniciativa, apoiada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), ia envolver uma verba de mil milhões de euros. Associações ambientalistas como a Quercus e a Liga de Protecção da Natureza e partidos como o Bloco de Esquerda opuseram--se ao projecto por colocar demasiada pressão sobre a fauna e flora da zona. Outras cidades pretendem tornar-se mais ecológicas pelo meio de planos verdes, como Bragança, que quer aumentar os espaços verdes da cidade e rentabilizar as energias renováveis vendendo parte da sua produção.- B.A.

In: Diário de Noticias