O processo de retirada do gado das serras madeirenses e o “tampão verde” são medidas que vão ser, em breve, experimentadas em Portugal Continental, anunciou, ao JM, o director geral dos Recursos Florestais.
O Governo da República vai “importar” duas das medidas que a Região aplica, em termos florestais, para algumas das regiões de Portugal Continental. Em causa está, a retirada do gado das serras e ainda o denominado “tampão verde”, por forma a garantir zonas de protecção e de combate à erosão florestal.O director-geral dos Recursos Florestais, professor Francisco Rego, esteve na Madeira, na quinta-feira, para participar na reunião de directores-gerais das Florestas da União Europeia. Na sexta-feira, os participantes foram guiados pelo director regional das Florestas, Rocha da Silva, para uma visita pelas serras madeirenses.Em declarações ao JM, o director-geral dos Recursos Florestais assumiu como «bastante interessante e inovador o trabalho de remoção da carga de bovinos e caprinos das serras madeirenses, antes da rearborização das áreas afectadas».«Nós não tentámos fazer isso em Portugal Continental, até porque a actividade de pastoreio vem decrescendo substancialmente em várias áreas do País, mas há grandes vantagens nessa medida. É uma ideia muito interessante e estamos a pensar em transportar essa experiência para algumas zonas do País, onde a mesma se justifique».O nosso interlocutor enaltece ainda a compra e o aluguer de terrenos por parte do Governo Regional (o denominado projecto “Tampão Verde”) para garantir a protecção dos solos e combater a erosão. «Esta é outra medida interessante, que faz todo o sentido. Esta função de protecção da floresta pode ser aplicada em algumas das regiões de Portugal Continental, nas zonas onde o declive é mais acentuado. Não é em todo o País, mas apenas nas áreas orograficamente mais acidentadas» — destaca. Intensificar cooperação na área florestalFrancisco Rego sublinhou que, nos contactos que manteve com Rocha da Silva, foi apontada a necessidade de incrementar a cooperação entre a Direcção-Geral de Florestas e a Direcção Regional de Florestas: «Ela já existe, mas é pontual. Penso que deverá ter um carácter mais permanente. Há medidas que estão a ser aplicadas que podem ser úteis lá e vice-versa».O nosso interlocutor sublinha que já se realizam as Jornadas Insulares Ambientais e ainda diversas conferências nacionais, onde participam técnicos de todo o Portugal, incluindo as Regiões Autónomas.Mas, o responsável quer torná-la ainda mais frequente, potenciando os contactos e a troca de experiências entre as distintas realidades.Francisco Rego enaltece o bom relacionamento institucional, na área das Florestas, entre Lisboa e a Madeira, aproveitando para elogiar a organização da reunião que movimentou cerca de cinquenta responsáveis florestais dos países da UE, enaltecendo o papel desenvolvido por Rocha da Silva em todo o evento. Laurissilva fascinou técnicos europeusFrancisco Rego diz que já visitou a Madeira, por mais de uma vez, mas que, desta feita, pôde apreciar mais “in loco” o trabalho desenvolvido pelo Governo Regional na área das Florestas.Aquele governante português diz que não foi só ele a ficar impressionado com o trabalho desenvolvido pela Região, mas também os outros responsáveis europeus, que mostraram-se, também fascinados com a Laurissilva, «que a maior parte conhecia apenas dos livros».De resto, mais encómios para a Direcção Regional das Florestas, liderada por Rocha da Silva, «pelo notável trabalho realizado».
Fonte: Jornal da Madeira