O modo como o Governo está a proceder ao reforço de meios aéreos de combate aos incêndios não merece a aprovação de Jaime Soares. O presidente da Federação Distrital de Bombeiros considera que os meios pesados não se adaptam às condições da floresta nacionalJaime Soares criticou ontem o atraso de alguns dos meios aéreos para o combate aos incêndios florestais – os seis helicópteros russos (kamov) – e alerta que, caso as condições climatéricas não estivessem a ajudar, o país estaria longe de estar a beneficiar do «recorde» de meios aéreos – 52 –, anunciado pelo Governo. No entanto, mais do que o atraso dos kamov e da sua falta de certificação oficial para actuar, o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Coimbra discorda da forma como a frota está a ser renovada, falando mesmo em «desperdício».Ao chamar a atenção para o facto de o Governo não estar a ter em conta a geografia do país, Jaime Soares, alerta que, «às vezes, não é a quantidade o importante, mas a adaptabilidade dos equipamentos». E recorda que o tempo lhe deu razão quando, no passado, se manifestou contra os kits instalados nos C-130. «Custaram milhares de contos e não tiveram qualquer aproveitamento. E tinha tudo a ver com inadaptação», salienta. E o mesmo poderá acontecer com os negociados aviões Beriev, que terão «grande dificuldade de adaptação» à floresta portuguesa e problemas no abastecimento nas albufeiras. «Duvido que tenham utilidade nas zonas montanhosas do norte e centro. Pode ter nas zonas de planície alentejanas», frisa, acrescentando que preferia que o Governo investisse na compra de mais canadairs e que os colocasse em «locais estratégicos», uma vez que se tratam de aviões «mais versáteis do que qualquer Beriev», defende.O mesmo acontece com os kamov (helicópteros pesados), lamenta. «Há zonas em que esses meios são demasiado grandes para actuar», reforça, frisando que o Ministério da Administração Interna ainda «está a tempo de recuar nalgumas opções. Isso seria uma atitude corajosa», defende.Mais dromadairs para o distritoRelativamente à distribuição dos meios aéreos no distrito de Coimbra, o presidente da Federação Distrital critica a «pouca quantidade» de dromadairs disponibilizados e que ficarão sediados na Lousã, Cernache e Coja. A proposta de Jaime Soares seria que estivessem dois na Lousã e um em Cernache e que em Coja ficasse um helicóptero médio, à semelhança do que já acontece em Pampilhosa da Serra. «Era preferível haver um meio pesado para dois médios, porque na maior parte do distrito, o helicóptero pesado tem dificuldades de adaptação. Se são poucos meios, vale mais que tenham mais rentabilidade», conclui.
Fonte: Diario de Coimbra
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