quarta-feira, 11 de abril de 2007

Campanha de Reflorestação do Projecto Floresta Unida

Os militares da GNR na reserva vão este Verão subir aos postos de vigia para fazer detecção de incêndios. A estes elementos seleccionados para dar o alerta de fogo será dada formação específica antes do início da época. Com a atribuição à Guarda de mais uma missão no domínio dos fogos, o Governo espera melhorar os maus resultados obtidos pelos 238 pontos que compõem a rede de postos de vigia e que, na época passada, detectaram apenas 8% dos incêndios.Esta novidade vem na sequência das alterações estruturais desencadeadas no ano passado quando a missão de vigilância do fogo foi deslocada da Direcção Geral dos Recursos Florestais (DGRF) para a GNR. A mudança da tutela da Agricultura para a Administração Interna já se tinha consumado através, por exemplo, da passagem dos guardas florestais para as orientações da GNR. No Verão passado, os técnicos da DGRF trabalharam em colaboração com o Serviço Especial de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA), brigada da GNR vocacionada o ambiente. Contabilizaram área ardida, apuraram causas dos fogos e fiscalizaram.Mas as mudanças este ano vão mais além. Se no ano passado o recrutamento de vigilantes ainda foi feito pela DGRF, agora a gestão da rede de postos de vigia passa para a GNR. Foi aberto um concurso para que os lugares sejam ocupados por militares na reserva, ou seja, homens que estão actualmente no período de cinco anos que antecede a reforma. A selecção mais apertada de vigilantes e a sua formação - na área da cartografia ou identificação à distância - permitirão atenuar problemas do passado, acredita o Major Amado, responsável do SEPNA. Como as incapacidades de alguns ou a falta de responsabilidade de outros. "Houve um caso em que a falta de visão de um vigilante o impedia de ver um fogo a 300 metros", conta o responsável da GNR que garante que os militares estão em condições de assegurar um melhor trabalho.Os 900 homens - quatro por posto de vigia para assegurar o tempo inteiro - serão colocados, numa primeira fase (15 de Maio) em 69 postos. Os outros entrarão a 1 de Julho.Mas esta não é a única novidade. A GNR quer aprofundar as técnicas de apuramento da causa dos incêndios, missão que lhes compete desde o ano passado mas cujos resultados não foram satisfatórios. Por isso, estão a ter formação 120 elementos do SEPNA, para que cada equipa destas possua uma pessoa habilitada a apurar o que está por detrás dos fogos.A GNR tem de investigar todos os fogos com mais de 10 hectares, mas no ano passado foram muitos cuja causa não foi determinada.PrevençãoComo forma de melhorar a prevenção, o ministério da Agricultura está a apostar no fogo controlado. Uma técnica realizada fora da época do fogo e que, através das chamas, pretende retirar material combustível e impedir a propagação do fogo. "No ano passado demos formação e credenciámos técnicos para realizar esta técnica. Este ano estamos a aplicá-la de forma intensiva", disse ao DN Paulo Mateus, sub-director da DGRF. No entanto, apesar dos desenvolvimentos, entre privados e Estado foram até agora intervencionados mil hectares.
Fonte: Diario de Noticias
Investigação sobre os povoamentos suberícolas da Serra do Caldeirão
Está em curso na Serra do Caldeirão um projecto financiado pelo Programa AGRO que visa optimizar a gestão dos povoamentos suberícolas para redução do risco de incêndio, valorização socio-económica e conservação da biodiversidade.

A cortiça é um produto frequentemente visto como um aliado da conservação da Natureza, sendo quase um símbolo do conceito de gestão florestal sustentável. Esta imagem advém do modo não destrutivo como a cortiça pode ser explorada sem prejuízo do rendimento, e cujos impactos nos ecossistemas podem ser quase nulos. Seriam certamente caso não houvesse a ameaça cada vez mais forte do fogo, perante a qual apenas uma solução surge como viável aos proprietários: a limpeza total do mato para reduzir a biomassa combustível. Esta intervenção acarreta impactos negativos para biodiversidade que não se encontram ainda clarificados, e cuja gravidade é variável.É neste contexto que a ERENA, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia, a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão (APFSC) e as associações de desenvolvimento local INLOCO e Associação de Defesa do Património de Mértola, desenvolveram este projecto.
Aspecto de um montado derivado de desmatação periódica e frequente, e, neste caso, de pastoreio. É de salientar a dominância forte de gramíneas, favorecida por estas circunstâncias.O principal objectivo visado é a proposta de soluções de gestão florestal aplicáveis ao caso concreto, mas não particular, das florestas de sobreiro da Serra do Caldeirão, que sejam compatíveis quer com a manutenção da rentabilidade da extracção da cortiça, quer com a manutenção do valor ecológico das mesmas; idealmente, com o incremento de ambos os parâmetros geralmente antitéticos. O factor chave do problema é, como já se deu a entender, o fogo, que é o incentivador principal de todas as acções de gestão de matos que têm lugar na Serra, sendo, por conseguinte, o gerador deste conflito.A equipa do projecto é multidisciplinar, o que permite integrar as diversas facetas do problema num modelo de gestão conjunto. O esquema metodológico rege-se pelas seguintes directrizes:* Caracterização biológica, florestal, económica e histórica de um conjunto de parcelas com diferentes regimes de limpeza de matos, estrategicamente distribuídas na área de intervenção da APFSC e sua envolvente.* Análise dos dados com vista a perceber os impactos dos vários tipos de gestão de matos, a uma escala local (da parcela), sobre a biodiversidade, risco de incêndio, e rentabilidade económica da exploração de produtos florestais secundários.* Integração dos resultados obtidos à escala da parcela para o desenvolvimento de cenários de gestão do território, optimizados para a maximização das potencialidades e minimização dos riscos à escala da paisagem, tendo em conta os parâmetros já referidos e também a qualidade cénica.
Aspecto de um "sobreiral" sujeito a desmatação regular (pelo menos desde a década de 50, no caso apresentado), mas com uma periodicidade média. Aqui dominam espécies arbustivas de ciclo de vida breve como o estevão (Cistus populifolius) nesta foto, que estão aptas a completá-lo entre dois eventos de desmatação, produzindo quantidades muito elevadas de sementes que rapidamente germinam após estes eventos.O primeiro passo foi executado através de diversas metodologias adequadas a cada tipo de dados a recolher, todas aplicadas na unidade de amostragem, uma parcela de 1 hectare. A caracterização biológica compreendeu quatro principais grupos de organismos – plantas vasculares, macrofungos, aves e borboletas – que foram tomados como indicadores de biodiversidade. Cada grupo teve a sua metodologia de amostragem específica, a qual visou quantificar presenças e abundâncias das espécies de cada um. A caracterização florestal consistiu no protocolo tradicional para inventários florestais e visou caracterizar tão bem quanto possível a estrutura e densidade das árvores, nomeadamente o sobreiro. Nesta categoria foi também estimado o risco de incêndio através de uma bateria de medidas relacionadas com a biomassa combustível. A caracterização económica compreendeu a quantificação da produtividade potencial dos produtos florestais secundários (cogumelos, medronho, mel, caça) nas parcelas. Por último, a caracterização histórica baseou-se quer na análise de uma série cronológica de fotografia aérea desde o ano de 1958, quer em entrevistas realizadas aos proprietários com vista a apurar o regime de limpezas de mato que ocorreu em cada parcela, bem como outras acções efectuadas e outros eventos ocorridos. Nestas entrevistas foi também recolhida informação relativa à rentabilidade da extracção da cortiça.Os dados recolhidos encontram-se agora em fase de análise. Este segundo passo vai basear-se nos descritores recolhidos para modelar estatisticamente as relações entre estes e o tipo de gestão efectuado ao longo dos anos em que há informação disponível. Pretende-se com esta etapa perceber simplesmente que influência têm as actividades de gestão nos diversos parâmetros.
Sobreiral cuja última desmatação remonta provavelmente à década de 40-50. Nalguns casos como este, estes sobreirais apresentam-se bastante limpos de mato, pois muitas das espécies arbustivas são heliófilas (necessitam de muito sol para germinar e crescer). Na foto observa-se o domínio do medronheiro (Arbutus unedo), uma espécie fundamental para a estrutura dos sobreirais.No terceiro passo serão feitos estudos à escala da paisagem cuja questão fundamental reside em perceber como a estrutura da paisagem, isto é, como a configuração do mosaico de parcelas com diferentes regimes, influencia os descritores mencionados. É intuitivo que uma paisagem diversa sustém uma maior diversidade de habitats e consequentemente de espécies, havendo muitas espécies, especialmente de fauna, que necessitam de diferentes habitats para completarem o seu ciclo de vida. Porém não é de todo óbvio como deve estar representada no espaço esta heterogeneidade, nem qual a sua escala espacial ideal, nem tão pouco se ela beneficia todas as espécies, nomeadamente aquelas muito raras nas quais a maior preocupação de conservação deve incidir.Com base na estrutura da paisagem, far-se-á então a estimativa do risco de incêndio global, e dos parâmetros de biodiversidade e produtividade, e de como estes se relacionam com a paisagem. A qualidade cénica será também avaliada, por ser de alguma importância para o turismo. Com estes resultados serão construídos cenários alternativos de gestão para a Serra do Caldeirão, dando prioridade a diferentes factores, e será por fim idealizada uma solução optimizada que representa um compromisso ponderado entre todos os factores em causa – ou seja, será proposta uma solução de gestão que simultaneamente minimize o risco de incêndio, maximize a biodiversidade e produtividade, e mantenha a rentabilidade da extracção da cortiça.
Sobreiral onde a última desmatação possivelmente ocorreu numa data semelhante à da foto anterior, contudo a estrutura é bastante diferente pois possui uma cobertura densa de arbustos, inferiormente ao estrato onde domina o medronheiro. Ainda não é claro o que condiciona estas duas facetas das parcelas antigas.O processo de desenvolvimento de cenários será feito com a participação dos proprietários por intermédio da APFSC. Visto que qualquer solução ao problema passa sempre por um ordenamento à escala da paisagem das intervenções e da gestão da propriedade, e não da regulamentação de cada propriedade isoladamente, é essencial uma coordenação entre os proprietários, pelo que o facto da APFSC agregar uma parte importante, e cada vez maior, dos proprietários de terrenos na Serra do Caldeirão se revela como uma grande vantagem para a implementação das soluções no terreno.Os resultados obtidos com este projecto irão ser publicados durante os próximos meses no portal Naturlink, como forma de divulgação alargada das suas implicações práticas para a gestão florestal sustentável. Informação mais detalhada poderá ser prestada através do contacto directo com cada uma das instituições participantes:ERENA-Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais Lda –
pbeja@erena.pt;Associação dos Produtores Florestais da Serra do Caldeirão – apfsc@mail.telepac.pt;Centro de Ecologia Aplicada “Baeta Neves”/Instituto Superior de Agronomia - susanadias@isa.utl.pt;Associação para a Defesa do Património de Mértola - desenvolv-coop@adpm.pt;Associação In Loco - inloco@mail.telepac.pt.
Fonte: Naturlink , Miguel Porto, ERENA
As alterações climáticas vão acentuar as diferenças entre o norte da Europa, que terá mais chuva e produção agrária, e o sul, com mais secas, ondas de calor e incêndios, segundo um grupo de trabalho das Nações Unidas, escreve a agência Lusa.
O aumento destas diferenças foi anunciado esta terça-feira pelo espanhol José Manuel Moreno, coordenador do grupo de cientistas que elaboraram o capítulo sobre os efeitos do aquecimento na Europa dentro do Grupo Inter-governamental das Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Naquele relatório, os cientistas salientam que se atravessa uma alteração do clima «sem precedentes» e que os seus efeitos são visíveis de dia para dia.
Entre esses efeitos, José Manuel Moreno citou a onda de calor «sem precedentes» de 2003 e as 35 mil mortes adicionais registadas na Europa no Verão daquele ano, que não teriam acontecido «em condições normais».
O cientista adiantou que neste século vão registar-se chuvas torrenciais, inundações «relâmpago», inundação de zonas costeiras, secas mais frequentes e prolongadas, aumento dos riscos de incêndios florestais e para a saúde devido a ondas de calor que serão mais frequentes e intensas.
No relatório, os cientistas advertem ainda para a diminuição progressiva do potencial hidroeléctrico como consequência da diminuição das chuvas, e aponta que essa redução pode atingir um valor médio de seis por cento na Europa no horizonte de 2070 e que pode chegar aos 50 por cento nos países mediterrâneos.
Fonte: Portugal Diario
O Governo pretende que, no próximo ano, o combate a todos os incêndios comece menos de 20 minutos depois de dado o alarme, anunciou hoje o secretário de Estado da Administração Interna.
Ascenso Simões falava na apresentação da estratégia de combate aos incêndios florestais deste ano, que decorreu na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, nos arredores de Lisboa.O governante especificou depois, em declarações à agência Lusa, que muitas regiões do território dispõem já de meios que permitem o combate aos fogos nos primeiro 20 minutos, mas reconhece que há outras zonas, que não nomeou, onde isso ainda não é possível."O objectivo é que em todo o território, no próximo ano, [os meios de combate] cheguem ao incêndio 20 minutos, ou menos, depois do alarme", especificou.Quanto aos meios disponíveis, haverá um aumento generalizado, sendo mais acentuado nas épocas que antecedem e se sucedem ao período do Verão, o de maior risco de fogos florestais.Na designada Fase Bravo, que vai de 15 de Maio a 30 de Junho, os meios humanos beneficiarão de um aumento de 42,8 por cento (mais 2.930 elementos) em relação a 2006, enquanto as viaturas disponíveis terão um acrescento de 641 (mais 36,7 por cento).Quanto aos meios aéreos, estarão disponíveis 24 aeronaves a partir de 15 de Maio, entre helicópteros de ataque inicial aos fogos (oito) e pesados (seis), a aviões de ataque inicial (oito) e pesados anfíbios (dois).Entre 01 de Julho e 30 de Setembro, o período em que costuma ocorrer o maior número de fogos florestais, designado Fase Charlie, o aumento de meios humanos será de 5,1 por cento (mais 5.541 efectivos do que em 2006) e de viaturas atingirá apenas 2,1 por cento (mais 1.256 veículos).As aeronaves disponíveis nesta altura serão 55, 52 das quais suportadas pelo Estado e três disponibilizadas pela associação de produtores florestais AFOCELCA.A frota será constituída por 28 helicópteros de ataque inicial, seis helicópteros pesados, 14 aviões de ataque inicial e quatro pesados anfíbios.Na primeira quinzena de Outubro (Fase Delta) regista-se de novo um aumento substancial dos meios disponíveis, relativamente ao ano passado, que crescem 42,7 por cento em efectivos e 33,6 por cento em viaturas. Nesta altura ficarão disponíveis 24 aeronaves.Depois da apresentação dos meios envolvidos, o secretário de Estado Ascenso Simões salientou o alargamento do destacamento da GNR (GIPS) afecto ao combate a incêndios a mais quatro distritos: Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro.As equipas helitransportadas da força militarizada já garantiam a cobertura de Vila Real, Viseu, Coimbra, Leiria e Faro.Também a companhia especial de bombeiros ("Canarinhos") alarga a sua actuação a Portalegre, mantendo sob sua responsabilidade os distritos de Guarda, Castelo Branco e Santarém e dispondo de dez brigadas de intervenção que se deslocam também de helicóptero.Em Bragança, Lisboa, Évora, Beja e Setúbal a primeira intervenção será assegurada por seis brigadas aerotransportadas constituídas por voluntários dos corpos de bombeiros daqueles distritos.Outra novidade apresentada é a criação de uma terceira coluna de reserva de bombeiros para acorrer a situações graves causadas por grandes incêndios ou fogos que se prolonguem por mais de oito horas.Até 2006 apenas estavam constituídas duas destas colunas de bombeiros que partiam de Setúbal e Lisboa quando eram activadas.Este ano vai existir outra, estacionada no Porto, com voluntários deste distrito e de Aveiro, que acorrerá às situações de maior gravidade na região Norte do país.

Fonte: Barlavento On-Line


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