segunda-feira, 23 de abril de 2007

Campanha de Reflorestação do Projecto Floresta Unida ( Clique Aqui a saiba como participar)

Sistemas complexos tais como um ser vivo, comunidades de plantas ou animais, biomas como os oceanos ou a floresta úmida, ou a Ecosfera como um todo, são sistemas altamente equilibrados com muitas interações e mecanismos de controle internos e externos, ou feedback.
por José A. Lutzenberger
Tais sistemas tendem à estabilidade. Suportam muitas agressões e abusos. Mas só até um certo ponto, a partir do qual entram em colapso ou se estabelecem num nível de equilíbrio mais baixo.
Quando tentamos prever o comportamento de um sistema destes reagindo ao stress, não podemos fazer extrapolações lineares indefinidamente. O ponto de colapso, ou inflexão, na maioria das vezes, é imprevisível. Ao menos através dos modelos simplificados que conseguimos elaborar.
Uma metáfora muito cruel que podemos utilizar é imaginarmos uma régua sendo lentamente empurrada sobre a borda de uma mesa. Suponhamos que há um anãozinho minúsculo na ponta da régua que ainda se encontra apoiada sobre a mesa, empurrando-a. Por ser de tamanho muito reduzido, ele não consegue enxergar a outra extremidade, mas sua experiência prévia o faz sentir-se seguro o bastante para acreditar que pode continuar empurrando indefinidamente. Então, repentinamente, a régua emborca e cai ao chão. No decorrer da queda, se tiver tempo, o anãozinho poderá se tornar mais sábio, mas isso já não lhe será de utilidade, pois será tarde demais.
Pouco antes do ponto de inflexão, poderá ocorrer um curto período de vibração, durante o qual, caso providências sejam tomadas rapidamente, a régua poderá ser puxada de volta para um lugar seguro. Será que a Moderna Sociedade Industrial já levou as coisas a um ponto tal que nos encontramos agora no meio ou muito perto da fase vibratória?
O clima mundial é uma parte integral da circulação da Ecosfera. De forma mais reverente poderíamos chamá-la de Gaia, como foi sugerido por William Golding, baseado na teoria de James Lovelock, quem interpreta a Terra como um sistema vivo. Gaia é o nome poético que os antigos gregos davam à Deusa da Terra, a qual normalmente chamavam de Geo, derivando daí palavras como geografia, geometria, etc. O ar e a água reciclam os recursos que mantém a Vida , assim como o sangue constantemente recicla nutrientes e resíduos em nosso sangue.
O intervalo de temperaturas dentro do qual a Vida pode existir e florescer, isto é, o intervalo de temperaturas que torna a bioquímica possível, a química das proteínas, carboidratos, ácidos nucléicos, a construção de células e organismos vivos, que é também aquele no qual a água pode coexistir em suas três fases físicas - líquida, gasosa e sólida - é extremamente reduzido quando comparado com as temperaturas que predominam no Universo em geral. Tais temperaturas vão do zero absoluto, 273°C negativos, nos espaços interestelares e interplanetários ou nos planetas mais distantes de nosso sistema solar, como Netuno e Plutão, a 400 e 500°C em Vênus; perto de 40°C negativos no verão e ao meio dia, no equador de Marte; ao redor de 6000 °C na superfície de nosso Sol; perto de 20.000.000 °C no seu interior; muito, muito mais quente em estrelas maiores como por exemplo Sirius, chegando a centenas de bilhões de graus centígrados nas fornalhas de estrelas em implosão, as supernovas. Se representássemos essa variação de temperaturas sobre uma linha na a qual cada grau centígrado correspondesse a um milímetro, a linha mediria várias centenas de milhares de quilômetros de comprimento. Ela chegaria muito além da Lua. A variação propícia para a Vida – indo de poucos graus abaixo de zero, onde a Vida sobrevive através do repouso, a aproximadamente 80 graus positivos para alguns organismos - algumas bactérias e algas que conseguem viver em fontes de água quente - o que soma um total de ao redor de cem graus, se colocada sobre a linha, cobriria dez centímetros. Dez centímetros sobre várias centenas de milhares de quilômetros!
Visto deste ângulo, nos damos conta de quão precioso é o nosso mundo. E se torna ainda mais precioso quando ficamos sabendo que a Vida conseguiu, ao longo de mais de três e meio bilhões de anos, contrabalançar forças que tendiam a tornar a terra muito mais quente ou muito mais fria. Sabemos por evidências cosmológicas, do conhecimento que temos de sua evolução, que o Sol é hoje de uma e meia a duas vezes mais quente do que era quando a Vida começou a se estruturar nos oceanos primordiais. Nossa terra poderia ter acabado numa situação de efeito estufa descontrolado, como Vênus. Um pouco mais fria, mas ainda assim com aproximadamente 100 °C acima de zero. Os Oceanos teriam se evaporado.
Ou, se por alguma razão, na época dos primórdios da Vida, com um sol mais frio, tivesse havido mais nuvens, o descontrole poderia ter tomado a direção contrária. Um albedo maior, ou seja, uma maior refletividade para a luz, teria mandado uma grande parte da energia solar incidente de volta para o espaço. Menos calor, mais neve, mais albedo ainda, ainda menos calor. A Terra poderia ter se tornado uma grande bola coberta de neve. De um jeito ou de outro, Gaia não teria surgido ou teria durado muito pouco.
Portanto, há muito mais fatores relacionados ao clima do que o efeito estufa ou o buraco de ozônio.
Reagindo à inquietação mundial com relação à devastação da floresta úmida, o governo brasileiro gosta de argumentar que nós não deveríamos nos preocupar. Afinal de contas, a contribuição dos incêndios florestais na Amazônia para o aumento da taxa de dióxido de carbono é de menos de 20% do total. Realmente, um modo de pensar absurdamente linear! Mas muito comum entre aqueles que têm o poder de ação e poderiam mudar as coisas antes de que seja tarde demais.
Mesmo se olharmos somente para as florestas úmidas, estaremos lidando com vários importantes fatores de controle do clima mundial. A floresta úmida é muito mais do que um simples depósito ou escoadouro de dióxido de carbono de até mil toneladas por hectare.
As florestas úmidas, onde as mais altas precipitações ocorrem, também apresentam uma evapotranspiração incrivelmente intensa. Trata-se da soma da evaporação e da transpiração. Da chuva que desce sobre florestas úmidas densas, tal como foi demonstrado pelo Prof. Eneas Salati, da Universidade de São Paulo - Piracicaba, ao redor de 25% nunca alcança o solo. Esta água mal é suficiente para molhar a folhagem desta monumental cobertura verde e é re-evaporada. Dos 75% que alcançam o solo, somente um terço, isto é, outros 25% do total, termina em córregos e rios e volta para o oceano. 50% do total da chuva é bombeada para o topo das árvores e devolvida à atmosfera para formar novas nuvens, nova chuva, novas nuvens e assim por diante.
Agora consideremos a Floresta Amazônica em sua totalidade. Supondo que façamos um diagrama, mostrando um corte transversal da América do Sul: O Oceano Pacífico à esquerda; a Cordilheira dos Andes, as Planícies Amazônicas e o Oceano Atlântico à direita. Podemos incluir as nuvens baixas vindas do Atlântico com os ventos alísios. As primeiras chuvas caem nas planícies do oeste, no Pará e no Maranhão. Boa parte da água retorna à atmosfera, forma novas nuvens mais à leste, nova chuva, novas nuvens, nova chuva, etc. No momento em que chove nas encostas oeste dos Andes, a mesma água já subiu e desceu de 5 a 7 vezes. A floresta úmida produz seu próprio clima e é o resultado do mesmo. Não faz sentido perguntar o que ocorreu primeiro, clima ou floresta? Seria como perguntar o que veio primeiro, a galinha ou o ovo?
Uma das grandes ironias da Moderna Sociedade Industrial, com sua sofisticação tecnológica, é que agora podemos observar nosso planeta como um todo. Ninguém consegue derrubar um hectare de floresta ou plantar um hectare de milho sem que um terminal de computador nos laboratórios espaciais das grandes potências e de algumas menores o mostrem. No entanto, aqui embaixo, continuamos nos comportando como se fôssemos cegos. Olhemos então para a Amazônia desde a perspectiva do satélite. O que podemos ver, se ficarmos olhando por dias ou semanas a fio, é impressionante e muito revelador.
As massas de ar, como mostram os movimentos das nuvens, viajando em direção à região central da América do sul desde o Atlântico, se movem para o leste e se chocam com a Cordilheira dos Andes. Lá, o fluxo se divide em três ramos. A parte central salta por cima das montanhas para o Pacífico e segue em direção ao leste, junto da linha do equador, acompanhando a convergência da corrente marítima quente do norte, o El Niño, com a corrente fria de Humboldt, vinda do sul. Um sistema de correntes oceânicas interligadas e correntes de ar responsáveis pela incrível riqueza de vida dentro e sobre as águas da costa do Peru, onde, ao longo das duas últimas décadas, já houve sérios desequilíbrios, os quais causaram, de um dia para o outro, o colapso da indústria pesqueira da região.
Os Andes também parecem redirecionar uma importante parte destas massas de ar para o sul, passando sobre o cerrado da região central do Brasil e descendo até a Patagônia.
Um outro ramo se dirige ao norte, atravessa o Caribe, roça a costa oeste da América do Norte e, acompanhando a Corrente do Golfo, alcança e penetra no centro e norte da Europa.
Talvez agora devêssemos olhar mais de perto para o globo terrestre. Estocolmo, Helsinki, Hamburgo e Edimburgo se encontram localizados tão ao norte quanto Labrador. A Escandinávia e o norte da Europa apresentam invernos longos e frios, mas são habitáveis. Já o Labrador é Tundra e Taiga.
Seria possível que as quatro glaciações que essas regiões atravessaram no Pleistoceno, os períodos geológicos que acabaram há aproximadamente 10.000 anos, tiveram relação com os distúrbios ocorridos na Corrente do Golfo e nas correntes atmosféricas? Conhecemos as diferentes durações das quatro glaciações – Güntz, Mindel, Riss e Würm – de dezenas de milhares a centenas de milhares de anos. Teriam elas sido causadas unicamente por eventos astronômicos com uma periodicidade exata, tal como muitas vezes é alegado?
Sabemos que as glaciações, uma vez desencadeadas, se desenvolvem de forma bastante rápida, praticamente de um dia para o outro, mas demora uma eternidade, em termos de escala de tempo humana, para que acabem. Como foi que os mamutes ficaram presos vivos em grossas camadas de gelo e permaneceram lá sob forma de carne congelada durante milhares de anos?
Os paleobotânicos nos afirmam que a expansão da Floresta Amazônica ocorreu concomitantemente com o fenecimento da última era glacial no Hemisfério Norte. Antes disso, a imensa área que hoje é floresta úmida, nas regiões onde ainda não foi devastada, era quase toda coberta por cerrado. Os ecossistemas de floresta úmida estavam confinados em “ilhas” nas áreas de maior altitude, onde as nuvens esbarravam nas montanhas. Na extremamente seca Península de Paraguaná, na Venezuela, vi uma destas ilhas de floresta úmida no topo da Montanha de Santana. O pico da montanha é varrido pelas nuvens baixas dos ventos alísios. A expansão e fusão de muitas destas ilhas poderia ser a explicação para a incrível biodiversidade na Amazônia. Apesar de a floresta ser contínua por 5 milhões de quilômetros quadrados, há um número impressionante de endemismos. Uma espécie endêmica é uma forma de vida com uma área de ocorrência muito limitada. A distribuição espacial de muitas espécies relacionadas na Amazônia de certa forma se assemelha à do tentilhão Darwiniano nas Ilhas Galápagos, todas reunidas.
Seria pura coincidência o fato de a floresta úmida ter se expandido enquanto o gelo regredia?
Esqueçamos a metáfora da floresta úmida como “pulmão do Planeta” ou “fábrica de oxigênio”. Ecossistemas em seu clímax, ou seja, em seu estágio de equilíbrio final, produzem a mesma quantidade de oxigênio que consomem. O oxigênio não é o problema mais urgente quando estamos preocupados com a Floresta Amazônica, mas a perda de biodiversidade. Esta é de extrema importância. Quando uma espécie se extingue, é para sempre, o Universo se torna mais pobre.
Infelizmente, os poderosos não se impressionam facilmente com argumentos deste tipo. Ouvi vários deles dizer “e daí se algumas borboletas ou rãs se perdem?”. Eles precisam de argumentos de urgência mais imediata. Felizmente, os governos das nações mais poderosas estão agora se preocupando com a crise climática e ao menos dão crédito à necessidade de se freiar a devastação da Floresta Amazônica. Eles provavelmente sabem que a floresta úmida têm relação com o clima de mais formas do que só o balanço de dióxido de carbono na atmosfera.
E se a floresta úmida desaparecer? Conforme vimos anteriormente, a floresta cria seu próprio clima e é conseqüência do mesmo. E se a devastação continuar na mesma velocidade, nos estados do Pará e do Maranhão, onde, no ritmo atual de desmatamento, tudo poderá ter desaparecido ao redor dos anos 2000 ou 2010; no leste, em Rondônia, Mato Grosso do Norte, Acre e no estado do Amazonas; no norte, em Roraima, no Amapá e em todo o sul, nas florestas de transição, entre a floresta úmida e o cerrado? 100.000 km² de floresta virgem derrubados a cada ano, com a taxa de desmatamento crescendo exponencialmente. Do tamanho do Portugal! Outros 100.000 km² de floresta secundária queimados anualmente.
E a devastação ainda é subsidiada por nosso governo irresponsável e, ao que parece, o Japão pretende fazer um empréstímo de dois e meio bilhões de dólares ao governo brasileiro. Um empréstimo “não especifico”. Mas todos sabemos o que os japoneses desejam e o que nosso governo e alguns indivíduos gananciosos querem: o prolongamento da BR 364 do Acre até um porto peruano no Oceano Pacífico. A intenção é viabilizar exportações de madeira para o Japão e a China. Se esta estrada for aberta, o Acre se transformará num novo Sarawak. O “Conselho Nacional de Seringueiros” está lutando desesperadamente contra esta estrada, assim como os índios. E se a devastação alcançar 20% ou mais, especialmente se considerarmos que grande parte da mesma ocorre no oeste, no início da cadeia de reciclagem da chuva? Há a possibilidade de o restante da floresta entrar em colapso!
O cerrado, mesmo sua vegetação sendo constituída somente por arbustos e vegetação rasteira, possui raízes muito profundas. Consegue suportar longos períodos de seca. Já a floresta úmida tem raízes extremamente superficiais. Isso se deve ao fato de o solo ser muito pobre em nutrientes e não possuir capacidade de retenção dos mesmos. A reciclagem dos nutrientes é vital e quase imediata. A folha seca que cai ao chão é literalmente devorada pelas raízes capilares que emergem do solo em simbiose com alguns fungos. Praticamente não há cobertura morta na superfície do solo e não há húmus. Este tipo de floresta não suporta períodos prolongados de seca. Mesmo quando não morre rapidamente, pode se tornar combustível. A floresta, em seu clima atual, não pega fogo. Para poder incendiar-se, ela precisa primeiro ser cortada.
Já podemos observar certos tipos de floresta entrar em colapso na Amazônia. Em algumas planícies inundadas mais baixas, a floresta está morrendo, sem ninguém passar-lhe a motoserra ou aplicar agentes desfolhantes. O regime das águas mudou por causa dos desmatamentos no leste. A duração e intensidade das cheias anuais foram alterados de modo a impossibilitar a sobrevivência das comunidades vegetais existentes.
Portanto, bem antes de toda a floresta ter sido cortada, um ponto de não retorno poderá ter sido ultrapassado e o colapso ocorrerá. Tal como o anãozinho sobre a régua, só saberemos disso quando já será tarde demais.
E o que acontecerá se a floresta úmida entrar em colapso? Vários importantes fatores de controle do clima serão profundamente afetados: a elevação da taxa de dióxido de carbono sofrerá um tremendo aumento adicional; a fantástica evapotranspiração , isto é, a colossal bomba de calor que envia energia do equador para latitudes mais altas, ao norte e ao sul, deixará de funcionar. Salati calculou que a mobilização diária de energia equivale a seis milhões de bombas atômicas. Em seu lugar haverá um forte albedo, devolvendo a energia solar incidente ao espaço e a tórrida superfície do solo provocará ventos ascendentes quentes que dissolverão as nuvens entrantes, ao invés de produzir novas. O presente feedback positivo para mais chuva se transformará num feedback positivo para mais seca.
E o que dizer da proverbial piromania sul americana que ateia fogo a tudo o que há de combustível na paisagem? E, outro fator que deveria ser considerado mais seriamente: a resistência da floresta ao vento. Campos abertos, regiões desérticas e mesmo vegetação arbustiva, têm uma influência muito menor sobre os ventos do que a grande e espessa floresta. Em seus estudos, Lovelock também aprofundou a questão dos efeitos reguladores de gases raros na atmosfera. Concentrações muito baixas de certos gases, tais como metano, amônia, enxofre e óxidos de nitrogênio, além de resinas e gases aromáticos exudados pela floresta em concentrações extremamente baixas, podem exercer um efeito regulador sobre os ciclos de gases mais abundantes. Por exemplo, porque a fotossíntese, já operando há aproximadamente dois e meio bilhões de anos, não incrementou a concentração do oxigênio atmosférico para além dos atuais 21%, o que seria catastrófico? Numa taxa de 30% a floresta, até mesmo enxarcada, poderia pegar fogo e um único raio poderia desencadear sua destruição total. Ou então, porque a respiração não reduziu a concentração de oxigênio até níveis perigosos? Existe algum mecanismo de controle, ou mecanismos, sobre os quais muito pouco sabemos.
Até onde nos consta, os modelos sobre o clima mundial que estão sendo elaborados pelos climatólogos, dos quais eles mesmos afirmam que são incompletos, admitindo a possibilidade de modelos antagônicos, ainda não incluem o desaparecimento das florestas úmidas do mundo.
Mas, será que precisamos de mais informação para agir? É uma tática comum dos tecnocratas e burocratas a de solicitar mais pesquisa quando são submetidos à pressão pública por causa da poluição que ocasionam. E, enquanto as pesquisas são realizadas, eles continuam a jogar sua sujeira no meio ambiente.
Sabemos que estamos bagunçando todos os mecanismos de controle climático, os por nós conhecidos e não conhecidos também: dióxido de carbono, ozônio, aerosóis, poeiras, nebulosidade, evapotranspiração, albedo, resistência ao vento, metano, óxidos de nitrogênio e enxofre, freons, hidrocarbonetos, etc. etc. Por quanto tempo ainda podemos abusar do sistema? Quanto tempo levará até que Gaia tenha uma febre? Precisamos realmente conhecer todos os detalhes para agir?
Se as coisas derem errado agora, elas nem precisarão dar totalmente errado. Não precisamos ter outra era do gelo ou o derretimento das calotas polares na Groenlândia e na Antártida, com inundações de grandes cidades e territórios densamente habitados. Uma exacerbação das irregularidades climáticas que já existem em breve nos deixará numa condição em que não mais poderemos contar com colheitas seguras. Somos agora mais de 5 bilhões de habitantes. As reservas alimentares estão diminuindo. De que nos servirá um clima de veraneio em Spitzbergen, se não tivermos mais o que comer? E o que dizer das calamidades sociais e revoltas que se seguirão, com indivíduos como Kaddafi e outros tendo acesso a armas to tipo ABC?
O que para Gaia, ao longo de sua existência de 10 bilhões de anos, com pelo menos mais 5 pela frente, poderá ser apenas uma leve e passageira febre, para nós poderá significar o fim da civilização.
Uma pessoa sábia pode se arriscar a aprender com os seus erros, mas ela evitará experiências que, se derem errado, terão conseqüências inaceitáveis ou irreversíveis.
Como podemos fazer os poderosos compreender que a Moderna Sociedade Industrial está engajada em exatamente este tipo de experiências?!

Texto de José A. Lutzenberger escrito para Sundance Summit, Utah – USA, apresentado em 23 de agosto de 1989 - Tradução: Lilly Charlotte Lutzenberger. Disponibilizado, assim como a maior parte de sua produção, no saite da Fundação Gaia - www.fgaia.org.br . Reproduzido sob licença na EcoAgência de Notícias -
www.ecoagencia.com.br

Fonte:Eco Agência


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