O Município de Caminha acaba de arrancar com mais uma campanha de sensibilização junto da população do concelho, no âmbito da Prevenção e Protecção da Floresta Contra Incêndios, intitulada “Incêndios Florestais: Já se esqueceu ou ainda não quer pensar nisso? / Está preparado para o período crítico que se aproxima???”, que permanecerá nas ruas até fins de Maio.Esta iniciativa fruto de uma candidatura aprovada ao Fundo Florestal Permanente, consiste numa campanha publicitária nos Órgãos de Comunicação Locais e na distribuição de flyers informativos pelo concelho, com informações precisas sobre a protecção da floresta, que serão distribuídos por todas as freguesias, em locais públicos, nomeadamente nas sedes das juntas de freguesia.A Câmara optou por lançar este repto às pessoas durante os meses que antecedem a fase mais propícia à ocorrência de incêndios, por forma a preparar e a sensibilizar as populações para o período crítico que se aproxima.Recorde-se que no âmbito da protecção das florestas, a Câmara realizou durante os meses de Inverno a campanha de sensibilização “Os fogos apagam-se de Inverno”, nos meios de comunicação locais, com o propósito de alertar a população para a importância da prevenção nos meses mais frios, para que na época de fogos o impacto dos incêndios seja menor, bem como colocou nas principais entradas do concelho outdoors, com a mensagem “Não deixe que a nossa floresta seja uma miragem. Proteja-a!!!”.
Fonte: O Primeiro de Janeiro
A “gravidade da situação” obriga a autoridade das florestas a rever o plano de combate do verme nemátodo que provoca a morte súbita dos pinheiros bravos. O rápido alastrar do verme já levou a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) a expandir, em apenas nove meses, a instalação do cordão sanitário. O corte de árvores é agora, também, obrigatório na margem norte do Tejo.
Há meio milhão de pinheiros para abater até 2008. A acção decorre em terras privadas em que proprietários contestam as indemnizações atribuídas. O Estado atribui entre quatro a dez euros por árvore, de acordo com a sua dimensão. Os produtores florestais garantem que o preço de mercado é superior a 50 euros.A urgência da acção levou à instalação de uma zona tampão, área a partir da qual não podem circular madeiras não tratadas. A União Europeia disponibilizou também nove milhões para que a autoridades das florestas consiga controlar a praga e evitar a propagação ao resto da Europa.PRODUTORES PROTESTAMO derrube das árvores decorre na chamada faixa de contenção fitossanitária. Uma área de 130 mil hectares, que segue – com a forma de um anel – o limite exterior da zona tampão, numa área de cerca de três quilómetros de largura, onde todos os pinheiros bravos terão de ser abatidos.A operação levanta, no entanto, sérias críticas dos produtores florestais pela forma como está a ser conduzida. A Federação dos Produtores Florestais de Portugal defende que os direitos dos produtores não estão a ser respeitados. Segundo Ricardo Machado, secretário-geral da Federação, quando começou o abate das árvores “os proprietários não sabiam absolutamente nada”, “nem que compensações iriam ter”. Quatro meses após o início da operação, pequenos produtores continuam sem saber se concluído o abate dos seus pinheiros irão receber ou ter de pagar para a cura da praga.O cortar das árvores cria também alguma tensão entre trabalhadores e produtores florestais. A organização ambientalista Quercus confirma a existência de denúncias. Casos são apontados de proprietários armados que tentam evitar abate.Também os técnicos florestais parecem ter posições contraditórias entre si no cumprimento das orientações. Segundo apurou o CM, a Direcção de Serviços de Desenvolvimento Florestal abriu um processo de averiguações à actuação de dois técnicos que aconselharam um proprietário a não deixar levar os pinheiros cortados.AMEAÇA DE EMBARGOPortugal corre também o risco de sofrer um embargo à exportação de madeiras, a exemplo do que aconteceu com a doença das vacas loucas, caso as medidas agora adoptadas não consigam impedir que o verme prolifere por todo o País. O sector florestal emprega mais de cem mil pessoas e movimenta cerca de cinco mil milhões de euros.Domingos Patacho, da Quercus, confirma que “essa é uma possibilidade caso o nemátodo não seja rapidamente travado”. No seu entender, “a decisão de criar um cordão onde todos os pinheiros têm de ser abatidos vem demasiado tarde”, pelo que resulta num custo muito mais elevado se fosse concretizado logo no início da praga. Também a escolha da Primavera para esta acção é criticada pelos ambientalistas por “causar danos ao habitat de aves como cegonhas ou garças”.“Os únicos meios eficazes de luta contra o nemátodo da madeira do pinheiro consistem na eliminação das árvores doentes”, sustenta a DGRF. O recurso a químicos produz efeitos secundários no ambiente. DONOS OBRIGADOS A ABATEO Governo definiu que cabe aos proprietários cortarem os pinheiros e procederem à remoção da lenha. O Estado só intervém em caso de incumprimento. Contudo, a despesa do trabalho de corte e remoção efectuado pelas empresas contratadas pela Direcção-Geral de Recursos Florestais é depois apresentada aos proprietários, pelo que o deputado de Os Verdes, Francisco Madeira Lopes, interroga se não serão os silvicultores a ter de reembolsar o Estado quando for a altura de receberem as indemnizações. A fim de ver esclarecidas várias questões, o deputado apresentou junto do presidente da Assembleia da República um requerimento onde pretende obter do Governo respostas sob a forma como foi conduzido o processo de abate, que, afirma, “tem causado grande revolta e incompreensão por parte dos produtores”.REACÇÕES"NINGUÉM ASSUME RESPONSABILIDADES" (Macário Gomes, Produtor florestal)“No abate das árvores houve um incêndio que me destruiu um sobreiro e um pinheiro manso, mas ninguém assume responsabilidades sobre estes danos. Telefono para as autoridades e empurram de uns para os outros.” "ACHO QUE NÃO VOU RECEBER NADA" (Cristiano Gomes, Produtor florestal)“Penso que no final vou ficar com o prejuízo e o Estado não vai pagar nada. Eles cortam as árvores e juntam-nas todas. Como é que sabem quais são minhas? É uma dor ver cortar um pinheiro com mais de cem anos.” ESTRATÉGIA FALHADAPRAGA TEM OITO ANOSA praga do nemátodo existe há vários anos na América do Norte e Extremo Oriente. Na Europa, Portugal foi o primeiro país atingido. O verme terá chegado em contentores a Setúbal. Primeiras árvores doentes foram observadas em Pegões.AVANÇO RÁPIDOA falta de uma decisão que ordenasse o abate total na zona da Marateca levou a que a praga em oito anos apanhasse todo o distrito de Setúbal. Medidas adoptadas para impedir a circulação da madeira não foram suficientes.MORTE SÚBITAContaminado, o pinheiro bravo sofre de um processo de “morte súbita” que dura três meses. O verme só não se propaga quando a madeira é tratada a altas temperaturas. As árvores contaminadas são queimadas."VAMOS FICAR SEM NADA PARA VIVER" Em Manique do Intendente, no concelho da Azambuja, o corte dos pinheiros é fortemente contestado pelos seus habitantes. De “mãos atadas”. É assim que Macário Gomes, silvicultor, se sente com a decisão da Direcção-Geral dos Recursos Florestais em ordenar o abate de mais de uma centena de pinheiros. “Os prejuízos ascendem a 15 mil euros”, diz.“Que culpa tenho eu se os pinheiros no distrito de Setúbal estão doentes? Devíamos ser pagos pelo justo valor das árvores. Mas não. Vamos é ficar sem nada para viver”, referiu Macário Gomes ao CM enquanto mostrava as árvores abatidas.“Agora tenho a madeira na terra e não a consigo vender porque os industriais temem que seja do Estado ou esteja contaminada”, adiantou. O proprietário diz desconhecer o valor da indemnização que irá receber ou quando esta será paga. “Fiz uma exposição à Direcção dos Recursos Florestais e, na resposta, fui apenas informado de que já era do meu conhecimento que o abate dos pinheiros ia ser realizado”, explicou.Adianta que só soube do abate dos pinheiros quando lhe começaram a cortar as árvores e que desconhecia o edital afixado na Junta de Freguesia.
Fonte: Correio da Manhã,João Saramago
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