A Câmara de Gondomar anunciou a abertura de um blogue na Internet destinado a prevenir incêndios florestais, onde a autarquia colocará nos próximos dias mapas das zonas que obrigatoriamente têm de ser limpas. “Estes mapas estão também a ser disponibilizados através da imprensa local e das juntas de freguesia, mas a Internet é hoje um meio mais expedito e a que todos têm acesso”, refere, em comunicado, o gabinete de imprensa da Câmara de Gondomar, que criou e gere o blogue “CortaFogo” (http://cortafogo.blogspot.com).A limpeza das matas, nomeadamente em redor de indústrias e casas, “tem merecido uma atenção especial por parte da autarquia, que tem vindo a sensibilizar proprietários e a informar as populações acerca das medidas que estão a ser tomadas”.O blogue disponibiliza informações sobre a legislação em vigor, as condições meteorológicas no momento da visita, os níveis de alerta e de risco de incêndios e os números de telefone locais e nacionais que devem ser utilizados em caso de incêndio.Em declarações recentes à agência Lusa, Telmo Viana, vereador da Protecção Civil na Câmara de Gondomar, disse que esta autarquia ainda não precisou de notificar proprietários privados para a limpeza das suas matas, porque tem havido “boa aceitação” da nova lei. “Temos uma área florestal imensa. Vamos ter de criar as faixas de protecção faseadamente, ao longo dos próximos quatro anos”, referiu Telmo Viana, salientando que o concelho vai ter em permanência este Verão um jipe e duas motos a circular pelas zonas mais críticas, em acções de vigilância.
Fonte: Primeiro de Janeiro
A previsão da distribuição espacial do risco de incêndio numa área florestal, no curto ou médio prazo, permite operacionalizar o planeamento florestal e a gestão dos recursos disponíveis para a prevenção e combate aos incêndios.
Tendo em conta o elevado número de incêndios florestais no nosso País, e as severas consequências económicas e ecológicas que lhes estão associadas, torna-se essencial a aplicação de metodologias de avaliação de risco de incêndio, na gestão dos recursos disponíveis para a prevenção e combate.De facto, no contexto da prevenção, a avaliação da distribuição espacial do risco de incêndio numa área florestal, e a sua evolução ao longo do tempo, fornece informações importantes para a localização e densidade de torres de vigia, o dimensionamento dos pontos de água, a arquitectura da rede viária da mata, e até mesmo a escolha das espécies mais adequadas no planeamento de novas arborizações. No combate, o mapeamento do risco de incêndio permite definir a disposição táctica das forças no terreno, concentrando-as nas áreas de maior risco. Estas metodologias poderão ainda estar na base dos sistemas de atribuição de prémios e compensações resultantes de seguros florestais.
Estas distintas aplicações podem conduzir a diferentes abordagens do conceito de risco de incêndio, e consequentemente a diferentes metodologias de avaliação. Em sentido lato, entende-se como risco de incêndio o risco de ignição do fogo, ou seja, a existência de causas humanas (acidentais ou voluntárias) ou naturais que provoquem o fenómeno de ignição (Macedo e Sardinha, 1987, cit. in LOURENÇO, 1996). Numa abordagem integrada, assente na Teoria do Risco, a estimativa do risco de incêndio engloba, para além da probabilidade condicional de ocorrência do fogo no tempo, a quantificação das consequências esperadas, que se traduzem em prejuízos económicos e danos ambientais. De acordo com esta teoria, a análise do risco de incêndio inclui metodologias de identificação do risco (Risk assessment), de avaliação do risco (Risk evaluation), e de gestão do risco (Risk management alternatives) (SOCIETY FOR RISK ANALYSIS, 2002).
A probabilidade de ocorrência do fogo pode ser analisada como o resultado da conjugação dos factores de risco que conduzem a uma maior ou menor possibilidade de ocorrência do fogo. Assim, a previsão do risco de incêndio traduz-se na zonagem de uma determinada região, agrupando as manchas florestais em classes de acordo com os valores dos índices de risco de incêndio (genericamente, Classe I – Baixo a Classe V - Elevado), ou com a sensibilidade da mancha florestal ao fogo (Classe I - Extremamente sensível a Classe IV - Pouco sensível), como consta no Artigo 2º do Decreto Regulamentar n.º 55/81. Ressalta-se que estas duas abordagens deverão ser complementares, pois os valores mais elevados de risco de incêndio deverão ocorrer nas zonas de maior sensibilidade ao fogo. A zonagem de risco de incêndio do DR 55/81 está em processo de actualização, com base em 10 anos de cartografia de áreas ardidas, efectuada no DEF/ISA (Prof. J.M. Cardoso Pereira, com. pessoal).
Os factores de risco, que estão na base dos critérios de classificação das zonas são: (1) o tipo de ocupação do solo (na ocupação florestal interessa caracterizar a densidade e distribuição das espécies florestais e o grau de combustibilidade e inflamabilidade da vegetação arbustiva e sub-arbustiva); (2) as variáveis meteorológicas, como a temperatura, a humidade relativa do ar, a precipitação (o regime e a quantidade total) e a velocidade do vento; (3) a morfologia do terreno, nomeadamente a exposição e declive; (4) os factores sociais, como o Índice Demográfico de Utilização (MATA REIS, 1998). Estes últimos são particularmente relevantes, pois, segundo a Direcção Geral das Florestas, as actividades humanas são responsáveis pela esmagadora maioria das ocorrências de fogos.A zonagem pode realizar-se a diferentes escalas espaciais (local, regional ou nacional) e temporais (curto prazo ou médio/longo prazo). As previsões a médio/longo prazo apresentam normalmente âmbito nacional e pretendem explicar a variabilidade espacial apresentada por factores de risco, como o clima e o tipo de ocupação do solo, identificando regiões onde a probabilidade de incêndio é mais elevada e onde se devem localizar preferencialmente as acções de prevenção. A zonagem a curto prazo (usualmente diária), destina-se a monitorizar as variáveis meteorológicas durante o período de fogos, de modo a permitir uma resposta rápida dos meios de combate nos locais onde se registam condições propícias à sua ocorrência.Para a avaliação do risco de incêndio, recorre-se normalmente a Índices Meteorológicos de Risco de Incêndio, dado que as condições meteorológicas condicionam não só as causas de ignição como o teor de humidade dos tecidos vegetais, que condiciona a inflamabilidade dos combustíveis (GONÇALVES, sd). Estes índices são diários, mas o cálculo dos seus valores médios anuais permite estimar o risco de incêndio no médio prazo.De entre os vários índices descritos na bibliografia destaca-se o Índice de Nesterov Modificado (ou Índice Português: IP), utilizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica entre 1988 e 1998 (LOURENÇO, 1996) e o índice canadiano (Canadian Fire Weather Índex, também conhecido por FWI), adaptado para Portugal e utilizado pelo Instituto a partir de 1998, pois são os que aparentemente possuem maior capacidade preditiva do risco de incêndio para fogos de Verão (VIEGAS, et al. 1999).
Ambos os índices requerem observações diárias das variáveis meteorológicas bem como valores comulativos do índice nos dias anteriores. Para o IP os registos diários são referentes à temperatura do ar e da temperatura do ponto de orvalho às 12h desse dia, enquanto que o FWI, de estrutura mais complexa, recorre aos valores da velocidade do vento, temperatura, humidade relativa do ar e precipitação. Os índices meteorológicos são particularmente úteis na identificação do padrão de distribuição temporal dos fogos florestais, ou seja, a concentração do número de ocorrências durante o período seco e quente, que corresponde aos meses de Verão. Contudo, mostra-se insuficiente para explicar a sua distribuição espacial, pois quando se analisam os valores dos índices para uma determinada data, os valores mais baixos e elevados não correspondem necessariamente ao maior ou menor número real de fogos ocorridos naquela data no continente (MATA REIS, 1998). De facto, verifica-se que nas zonas mais quentes e secas do Interior e Sul do País, são onde se registam menores áreas ardidas. Esta distribuição espacial está relacionada com a relevância de outros factores de risco regionais favorecem a ignição e propagação dos incêndios tais como, os elevados declives das regiões montanhosas, e a elevada carga de combustível e a homogeneidade da paisagem, resultantes do abandono das áreas agrícolas devido às profundas transformações socio-culturais verificadas na da região Norte Litoral do País.
A integração dos vários factores de risco pode ser conseguida através da produção de Cartografia de Risco de Incêndio com recurso a Sistemas de Informação Geográfica. A título de exemplo, refere-se a metodologia aplicada pelo CNIG para a elaboração das Cartas de Risco de Incêndio ao nível municipal. Esta baseia-se na discretização do território municipal em quadrículas, às quais se associa a informação relevante ao cálculo do índice de risco de incêndio. Este índice é estimado através de um modelo aditivo ponderado, baseado na sobreposição de diversas cartas temáticas, correspondentes às variáveis do modelo, nomeadamente, o declive e a exposição do terreno, o uso e a ocupação do solo, a visibilidade dos posto de vigia, a rede viária, a rede hidrológica e a densidade populacional. Os valores do índice de risco de incêndio fora agrupados em 5 classes de Baixo a Alto Risco (CNIG. 2002).A previsão das consequências esperadas devido à ocorrência do fogo poderá basear-se na quantificação das perdas em madeira em florestas destinadas à produção com recurso, por exemplo, a ferramentas de análise financeira afim de estimar os prejuízos de acordo com as espécies florestais em causa e a idade dos povoamentos. Nas florestas de protecção (por exemplo localizadas em zonas de elevado declive) ou em Áreas Protegidas, a quantificação dos danos associados ao incêndio terá que utilizar metodologias mais complexas, pois trata-se de bens e serviços não transaccionados no mercado.
Fonte: Naturlink,Alexandra Fonseca Marques, GEGREN (Inst. Superior de Agronomia)
As Nações Unidas estão a estudar a possibilidade de compensar a desflorestação com um mecanismo similar ao utilizado nos direitos de emissão de gases com efeito de estufa, disse hoje um responsável da organização.
O director do Ordenamento Florestal da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), José António Prado, explicou que grupos de cientistas da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC) estão a trabalhar num novo procedimento a que deram o nome de "desflorestação evitada".O dirigente da FAO, que esta semana participou na IV Conferência Internacional sobre Fogos Florestais, em Sevilha, explicou que o Protocolo de Quioto estabelece os denominados "Mecanismos de Desenvolvimento Limpo" que permitem que as empresas descontem, das suas emissões de CO2, os investimentos que fizerem em tecnologias limpas nos países em desenvolvimento.De acordo com o responsável, a "desflorestação evitada" compensaria economicamente as acções de protecção e plantação de floresta, em função do volume de C02 que a vegetação protegida absorve da atmosfera.Prado lembrou que, anualmente, perdem-se no mundo 7,8 milhões de hectares de cobertura vegetal – quatro milhões devido a incêndios – uma vez que os 5,6 milhões de hectares reflorestados não cobrem os 13,4 milhões de hectares de floresta destruídos.O representante da FAO considerou "evidente" que os incêndios "geram uma enorme quantidade de CO2", que contribuem para as alterações climáticas, "estendendo, em algumas regiões, as primaveras e causando cada vez mais incêndios devastadores".A ameaça global das alterações climáticas intensificará a cooperação com os países em desenvolvimento, uma vez que a queima das florestas tropicais tem repercussões no aquecimento global. "Esta cooperação é de grande importância porque alguns dos países que geram grandes incêndios não têm capacidades para lhes fazer frente", afirmou. "Para a FAO, os incêndios florestais constituem, há alguns anos, um assunto prioritário, não só pelo seu tremendo impacto ambiental, mas também pelo impacto social, porque põem em risco o meio de subsistência de muita gente", acrescentou.
O director do Ordenamento Florestal da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), José António Prado, explicou que grupos de cientistas da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC) estão a trabalhar num novo procedimento a que deram o nome de "desflorestação evitada".O dirigente da FAO, que esta semana participou na IV Conferência Internacional sobre Fogos Florestais, em Sevilha, explicou que o Protocolo de Quioto estabelece os denominados "Mecanismos de Desenvolvimento Limpo" que permitem que as empresas descontem, das suas emissões de CO2, os investimentos que fizerem em tecnologias limpas nos países em desenvolvimento.De acordo com o responsável, a "desflorestação evitada" compensaria economicamente as acções de protecção e plantação de floresta, em função do volume de C02 que a vegetação protegida absorve da atmosfera.Prado lembrou que, anualmente, perdem-se no mundo 7,8 milhões de hectares de cobertura vegetal – quatro milhões devido a incêndios – uma vez que os 5,6 milhões de hectares reflorestados não cobrem os 13,4 milhões de hectares de floresta destruídos.O representante da FAO considerou "evidente" que os incêndios "geram uma enorme quantidade de CO2", que contribuem para as alterações climáticas, "estendendo, em algumas regiões, as primaveras e causando cada vez mais incêndios devastadores".A ameaça global das alterações climáticas intensificará a cooperação com os países em desenvolvimento, uma vez que a queima das florestas tropicais tem repercussões no aquecimento global. "Esta cooperação é de grande importância porque alguns dos países que geram grandes incêndios não têm capacidades para lhes fazer frente", afirmou. "Para a FAO, os incêndios florestais constituem, há alguns anos, um assunto prioritário, não só pelo seu tremendo impacto ambiental, mas também pelo impacto social, porque põem em risco o meio de subsistência de muita gente", acrescentou.
Fonte: Publico
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