terça-feira, 28 de agosto de 2007

Entre a Cinza e o Verde Você decide ( clique aqui e saiba mais sobre esta campanha da DGRF)


"Está tudo a arder! Por favor, ajudem-nos... Onde estão os helicópteros?”. O desesperado pedido de ajuda foi feito por um habitante da aldeia de Frixa, completamente cercada pelas chamas que desde sexta-feira lavram sem controlo na região grega do Peloponeso. Como esta, havia ontem dezenas de outras aldeias isoladas pelas chamas e a única maneira de evacuar os aterrorizados habitantes era pelo ar. Por entre duras críticas à sua reacção tardia à tragédia que se abateu sobre o país, o governo de Atenas ofereceu uma recompensa de um milhão de euros por informações que conduzam à captura dos incendiários e admitiu equiparar o crime de fogo posto ao de terrorismo.

Com os bombeiros incapazes de chegar a muitas das aldeias cercadas pelas chamas, o telemóvel era ontem a única ligação entre os habitantes desesperados e o mundo exterior. Nas televisões gregas, sucedem--se os apelos, os pedidos de socorro, os gritos de desespero daqueles que há mais de 48 horas lutam sem parar para tentar salvar as suas casas e as suas vidas. “Isto aqui é um inferno! Onde estão os bombeiros? Onde está a ajuda?”, gritava ontem um homem a partir da aldeia de Oinoi, com a voz rouca pelo cansaço e pelo desespero. “Fomos deixados ao abandono, à mercê de Deus”, dizia uma mulher de Nemouta.Dezenas de aldeias estavam isoladas pelas chamas e se em alguns casos a salvação chegava de helicóptero em muitos outros os habitantes permaneciam entregues à sua sorte, obrigados a lutar contra as chamas com tractores, mangueiras e ramos.Os bombeiros não têm mãos a medir e, apesar da ajuda de militares, reclusos e milhares de voluntários, não conseguiam responder a tantas solicitações. A ajuda internacional já começou a chegar, mas os meios no terreno continuavam a ser escassos para atacar tantas frentes de incêndio. CENÁRIO DE HORROR“Isto é uma catástrofe de proporções bíblicas. Vi pessoas carbonizadas no interior de carros, vi uma mãe ainda com o filho nos braços”, afirmou um responsável do departamento de Ilia, uma das áreas mais afectadas. O último balanço era de 63 mortos e mais de uma centena de feridos, mas temia-se que o número pudesse aumentar. Milhares de pessoas abandonaram nos últimos dias as suas casas e fugiram em direcção à costa, onde são alojados em escolas, centros de saúde, parques de campismo e até praias.Em Atenas, uma nuvem de cinza esbranquiçada pairava ontem sobre a cidade, causada por um incêndio no sopé do monte Ymittos, nos arredores da capital.A imprensa acusa o governo de incompetência por reagir tardiamente e de forma desorganizada à tragédia. As autoridades, que decretaram o estado de emergência, defendem-se com a inusitada dimensão dos fogos florestais e oferecem uma recompensa de um milhão de euros por informações que conduzam à captura dos incendiários. O ministro do Interior anunciou ainda que o crime de fogo posto poderá ser equiparado ao de terrorismo, com penas mais pesadas para os condenados. NÃO HÁ PORTUGUESES AFECTADOSO embaixador português na Grécia, Carlos Neves Ferreira, garantiu ontem à agência Lusa que não há portugueses afectados pelos incêndios que assolam o país. Segundo o embaixador, são cerca de 240 os portugueses que residem no país, na sua maioria na região de Atenas, e nenhum deles pediu protecção consular. Quanto aos portugueses que poderão estar de férias no país, Carlos Neves Ferreira esclareceu que normalmente procuram as ilhas e praias e que até agora nenhum solicitou qualquer tipo de ajuda da embaixada. “Se for necessário, estamos preparados”, acrescentou. CANADAIR CHEGA HOJE A ATENASO avião Canadair de combate a incêndios enviado por Portugal para ajudar no combate aos fogos florestais que assolam a Grécia deverá chegar hoje a uma base militar nos arredores de Atenas, dando início a uma missão com a duração prevista de três dias. Portugal enviou ainda uma equipa formada por um perito do Serviço Nacional de Protecção Civil e por um oficial de ligação, numa missão que se insere na ajuda disponibilizada pela União Europeia na sequência do pedido feito no fim-de-semana pelas autoridades gregas. TIPOS DE INCENDIÁRIOSEMOÇÃOSão pessoas, principalmente adolescentes, que ateiam fogos para ver as labaredas ou, mesmo, ajudar no combate às chamas. VINGANÇAAteiam fogos para se vingarem de alguém que os ofendeu, organizações estatais ou a sociedade em geral. Às vezes são os próprios bombeiros.LUCROMuitos incendiários actuam a mando de empresas de construção, que depois adquirem as terras para urbanizar. Normalmente são pessoas pouco educadas ou com problemas.VÂNDALOSActuam pelo simples prazer de destruir. Não têm outro objectivo senão o de causar dor e sofrimento. São imprevisíveis.COBERTURAAlguns incêndios, maioritariamente urbanos, são ateados por indivíduos que pretendem desta forma esconder provas de outros crimes, como homicídios.NÚMEROS DA TRAGÉDIA- 63 era, até ontem, o número de mortos causados pelos incêndios que lavram desde sexta-feira no Centro e Sul da Grécia.- 1 milhão de euros é quanto as autoridades gregas oferecem por informações sobre os incendiários.- 30 novos incêndios deflagraram durante o dia de ontem de norte a sul do país.- 27 aldeias foram evacuadas nas últimas horas devido ao avanço das chamas.- 800 bombeiros, apoiados por militares, reclusos e populares, combatem as chamas na Península do Peloponeso.- 39 meios aéreos enviados por 12 países europeus participam no combate às chamas.- 6 mil euros é o montante da verba que será paga pelo governo a cada pessoa afectada pelos incêndios.MINISTRO EXPLICA HELIS NO PARLAMENTOO ministro da Administração Interna, Rui Pereira, responde hoje na Assembleia da República às dúvidas do CDS-PP sobre os helicópteros russos Kamov, comprados pelo Estado em 2006 para combater incêndios. A audição tem lugar na comissão parlamentar que faz a avaliação da Política Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios às 18h30 – e o ministro deverá explicar por que razão os helis russos de combate aos incêndios, adquiridos em 2006, só irão poder voar em 2008. O CDS-PP pretendia igualmente ouvir Rogério Pinheiro, o presidente da Empresa de Meios Aéreos (EMA), que o Governo criou para gerir os dez helicópteros russos Kamov que adquiriu. Em requerimento, o deputado Hélder Amaral interrogava o ministro sobre as razões destas aeronaves não estarem já operacionais para o combate aos incêndios. “Por que razão só foi criada a empresa que gere os meios aéreos quase um ano depois da aquisição?” E a que se deve o facto de estas aeronaves não poderem estar já a participar no combate aos fogos florestais da presente época?”, questionaram os democratas-cristãos. Hélder Amaral pergunta “por que razão não estão ainda celebrados os contratos com pessoal para trabalhar nestes meios aéreos” e qual a razão por que foram adquiridos helicópteros pesados russos, por adjudicação directa dada a “urgência” do processo, que diz não estarem certificados para voar no espaço europeu.O contrato para aquisição das dez aeronaves russas foi assinado pelo Governo em meados de 2006, mas a EMA só foi constituída este ano, começando a funcionar em Maio. A primeira administração demitiu-se dois meses depois, sem que a empresa estivesse certificada nem os helicópteros prontos a voar. SAIBA MAIS16 De Setembro é a data marcada para as eleições legislativas antecipadas na Grécia. Actuação desastrosa do governo no combate aos fogos deverá ser penalizada, segundo afirma a imprensa grega.33 É o número total de incendiários detidos na Grécia desde Junho deste ano, sete das quais no último fim-de-semana.REESTRUTURAÇÃOA estrutura de comando dos bombeiros gregos foi reformulada antes dos Jogos Olímpicos de 2004. Oposição critica excesso de nomeados políticos.AJUDA PRECIOSAUm sistema de irrigação criado para os Jogos Olímpicos ajudou a travar o avanço das chamas junto às ruínas e museu de Olímpia.PONTOS IMPORTANTESIlha de Eubeia - É desde sexta-feira uma das regiões mais afectadas pelos incêndiosAtenas - Cidade coberta de fumo proveniente de um incêndio no monte YmittosEpidauros - Chamas ameaçavam teatro do séc. V A.C., considerado património históricoOlímpia Antiga - Berço dos Jogos Olímpicos esteve ameaçado pelas chamas no domingoZacharo - Dezenas de incêndios lavravam na região, uma das mais afectadasEsparta - Chamas aproximavam-se da histórica cidade gregaNOTAS170 INCÊNDIOSOs bombeiros enfrentavam ontem um total de 170 incêndios em todo o país, com mais de 40 frentes. Península do Peloponeso era a mais afectadaFUTEBOL SUSPENSOO arranque do campeonato grego de futebol, no passado fim-de-semana, e a primeira jornada da Taça, no próximo, foram adiados devido aos incêndiosSISMO NO OESTE DO PAÍSUm sismo de 5,1 graus na Escala de Richter abalou ontem a ilha de Kefalonia, 300 quilómetros a oeste de Atenas, sem causar vítimasMEIOSMilhares de populares, militares e reclusos estão a ajudar os bombeiros no combate às chamas, mas os meios continuam a ser insuficientes para travar as dezenas de fogos.AMEAÇAO museu de Olímpia, junto às ruínas da cidade com o mesmo nome, chegou a ser ameaçado pelas chamas, travadas a custo pelos bombeiros, mobilizados para proteger o inestimável património histórico.
Fonte: Correio da manhã
Cinco minutos depois do alerta do autarca de Vila Cã, o helicóptero do Centro de Meios Aéreos de Pombal já estava sobre as chamas, iniciando um “exemplar” combate ao fogo.O fogo que destruiu cerca de cinco hectares de mato na zona Oeste do concelho de Pombal, no passado domingo, revelou duas facetas de sinais opostos. Pela negativa, o facto de “sempre que há festa na Pipa, há fogo na Pipa”, lamentou o presidente da Junta de Freguesia de Vila Cã, Jorge Silva. Por outro lado, “a intervenção excelente de todo o dispositivo distrital de combate aos fogos”, considerou o mesmo autarca.Jorge Silva denunciou aquilo que “já começa a ser tradição, ou então uma grande coincidência”, referindo-se à repetição sistemática de incêndios, sempre que se realiza a festa anual da localidade da Pipa, nesta freguesia.Tal como no ano passado, o incêndio teve início depois de almoço, no último domingo de Agosto, no lugar de Vale Azinhos, local de difícil acesso para os bombeiros. Nesta perspectiva, o responsável pela freguesia de Vila Cã não tem dúvidas em atribuir responsabilidades a mão criminosa, temendo que “mais uma vez, o autor fique impune”.“Pareciaum festival aéreo”Pelo facto de se encontrar no local, devido aos festejos anuais, foi o próprio presidente da junta que deu o alerta, surpreendendo-se com a rapidez da resposta. Segundo o próprio, o helicóptero do Grupo de Intervenção Protecção e Socorro (GIPS) da GNR chegou em cinco minutos, a que se seguiu o helicóptero com base em Castanheira de Pera. Em meia-hora chegou um par de aerotanques ligeiros e, uma hora depois, os dois Beriev, bombardeiros pesados estacionados na Base Aérea Militar de Monte Real.Não admira que as chamas tivessem sido extintas em apenas duas horas e meia, não obstante as condições climatéricas de forte calor, humidade e algum vento. Jorge Silva reconheceu que “tivemos sorte por não haver mais nenhum fogo em actividade na região”, acrescentando que “o ano passado o tempo de resposta foi mais lento”.O incêndio chegou a ter duas frentes activas, consumindo com intensidade uma zona de eucaliptal, desde as 13H42, segundo a página Internet da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). O sinistro foi combatido por 174 bombeiros, auxiliados por 47 viaturas, para além dos seis meios aéreos já referidos. Em apoio às corporações de Pombal, Ansião, Vieira de Leiria, Ortigosa, Maceira, Leiria e Porto de Mós, também se deslocou para o local um grupo de reforço de bombeiros do distrito de Santarém.
Fonte: As Beiras On-Line
O número de vítimas mortais dos incêndios que estão a devastar a Grécia já chegou a 63. Há pelo menos 89 focos de incêndio em todo o país, atiçados pelos ventos fortes. Há centenas de aldeias destruídas e ontem o fogo esteve perto das ruínas de Olímpia, o berço dos Jogos Olímpicos, consideradas Património da Humanidade pela Unesco. Milhares de pessoas que fugiram dos incêndios ficaram sem abrigo e estão temporariamente alojadas em escolas, hotéis e centros de saúde. O estado de emergência foi declarado no sábado.
"Em 30 anos, nunca vi tanta destruição", disse aos repórteres um bombeiro na região do Peloponeso. "A destruição é de proporções bíblicas."
O primeiro-ministro Costas Karamanlis afirmou suspeitar que há incendiários por trás dos fogos. E ofereceu uma recompensa de cem mil a um milhão de euros a quem denunciar um incendiário.
Mas, até agora, a polícia deteve apenas dois idosos e dois jovens suspeitos de terem ateado fogos.
Mais de 800 bombeiros gregos, apoiados por dezenas de colegas de outros países, com 20 aviões e 19 helicópteros, lutam contra as chamas na península do Peloponeso, onde os fogos têm maiores proporções.
O Governo português enviou um avião Canadair para Atenas, que ficará à disposição das autoridades gregas. A França enviou quatro aviões do mesmo tipo e 60 bombeiros sapadores, a Itália enviou um avião e Chipre deslocou 30 bombeiros para a Grécia. O governo grego espera ainda o envio de mais aviões e helicópteros fornecidos por outros países, como Sérvia, Israel, Eslovénia, Espanha, Roménia, Alemanha, Noruega, Holanda e Áustria. Atenas pediu também ajuda aos Estados Unidos e à Rússia.
Com as legislativas já a 16 de Setembro, a oposição acusou o Governo de tentar encobrir a falta de prevenção e organização na luta contra os incêndios. Para o líder socialista, Georges Papandreou, o Executivo "transformou a Grécia num Estado sem defesa". "Catástrofe", "Vergonha" e "Incapacidade" são alguns dos títulos dos jornais gregos de hoje, que criticam a falta de coordenação dos serviços de socorro e de combate aos incêndios.
Fonte: esquerda.net
O ministro do Ambiente italiano, Pecoraro Scanio, quer discutir os incêndios florestais na reunião informal dos seus homólogos dos 27, que decorre sexta-feira e sábado, em Lisboa, tendo enviado uma carta nesse sentido ao comissário europeu Stravos Dimas.
A agenda da reunião informal, presidida pelo ministro português Francisco Nunes Correia, tem como tema a seca e escassez de água, mas a Itália chama a atenção do executivo de Bruxelas para a necessidade de uma «estratégia europeia» para os fogos florestais nos países do Mediterrâneo.
Nesta época de incêndios, na Grécia, já morreram mais de 60 pessoas.
Na carta, Alfonso Pecoraro Scanio pede a Stravos Dimas que «no Conselho informal do Ambiente, que decorrerá em Lisboa, seja apresentado um relatório sobre a situação dos incêndios».
A reunião informal dos ministros do Ambiente da União Europeia vai debater um relatório sobre a seca e a escassez de água, apresentado em Julho, pela Comissão Europeia.
A comunicação salienta que, nos últimos 30 anos, os períodos de seca têm aumentado e afectam cada vez mais regiões europeias.
«O número de áreas e de pessoas afectadas pela seca aumentou quase 20 por cento entre 1976 e 2006», refere o documento.
Por outro lado, a escassez de água - que ocorre quando a procura excede a oferta de recursos de água exploráveis com sustentabilidade - afecta 11 por cento da população da Europa e 17 por cento do território.
Assim, Bruxelas considera «fundamental» melhorar a gestão dos recursos hídricos, necessários a qualquer actividade económica e social humana.
Para tal, quer incentivar a aplicação da Directiva-Quadro da Água, de 2000, que estabelece uma moldura de acção comum no campo da política da água e pretende assegurar a protecção a longo prazo dos recursos hídricos disponíveis.
A Comissão quer ainda generalizar o princípio do consumidor-pagador, que só é aplicado ao consumo doméstico e ao tratamento de águas residuais.
Entre as metas que cada Estado-membro deve atingir, até 2010, está a adopção de tarifas baseadas numa avaliação consistente do uso da água e do seu valor, que inclua incentivos adequados para uma gestão eficiente dos recursos hídricos.
Também a gestão das bacias hidrográficas deve ser melhorada de modo a atingir num equilíbrio sustentável, sendo que as prioridades da política regional para o período 2007-2013 incluem a luta contras as alterações climáticas, particularmente a ocorrência de secas e as situações de escassez, ao incluir fundos para investimento em infra-estruturas relacionadas com gestão da água (armazenamento, tratamento e distribuição).
Por questões pessoais, o comissário europeu não estará presente no conselho, fazendo-se representar pelo director-geral do Ambiente.

Fonte:Diário Digital / Lusa

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