Há muitos anos que não tínhamos um Estio tão hesitante, indeciso. E por isso, quase de esquecimento. Os dias de Junho (e muitos de Julho) assemelhavam-se mais a uma espécie de invernia agonizante e moribunda, mas ainda com alguns laivos de autoridade (isto é, frio e chuva). A estes últimos dias caniculares, de calor atroz, arriscamos categorizá-los já como dias de Verão. Parece que agora é que é. Eu ainda não estou convencido. Vou deixar que passem mais uns dias. Se o Inferno continuar a insistir em elevar-se até nós, não terei alternativa e serei o primeiro a dar as boas-vindas à estação soalheira, de praias, repouso, cervejas e tremoços. A verdade é que não sabemos muito bem com o que contar. Calor no Inverno, chuva no Verão, Primavera de folhas caídas e Outono a espreitar andorinhas. Meteorologia trocada, confundida; clima impostor e com ares de pantomineiro. Como diz a minha avó, com a sapiência que os anos lhe conferem "aquilo lá em cima está muito remexido". As palavras serão menos eloquentes que as de Al Gore, e menos científicas, mas incidentalmente condensam e sintetizam o argumento do ex-candidato a presidente dos EUA: o clima está a metamorfosear-se, as transformações climáticas são tudo menos boas e a responsabilidade é dos humanos e da sobre-exploração dos recursos naturais. Uma das possíveis sequelas das alterações climáticas consiste no aumento das temperaturas médias. Há algo de perverso e paradoxal na mansidão cálida do Verão. A canícula é auspiciosa quando desejamos a praia, a piscina ou a esplanada bem bebida. O problema é o resto e o sobejo não é despiciendo os incêndios, justamente ditos "de Verão". O distrito de Coimbra é, ano após ano, uma das cintas geográficas mais flageladas pela perdição das chamas. Se por um lado atrai a muitos considerar levianamente que a culpa dos incêndios é sempre e apenas do Governo (rosa ou laranja, alternadamente), outros defendem a culpa de um punhado de tolos socialmente desestruturados, das empresas madeireiras e mesmo dos bombeiros. Contudo, o questionamento cardinal deverá incidir sobre os erros estruturais cumulados desde há muitos anos e que não se esgotam na falta de meios de combate a fogos, no mau ordenamento do território florestado ou na quase inexistência de guardas florestais. Jorge Paiva, biólogo e professor na Universidade de Coimbra, refere a existência de notícias de incêndios florestais desde o século XII. As chamas não eram tão vorazes porque a floresta era, nessa altura, dominada por "folhosas". Agora, basta seguir as estradas municipais para nos apercebermos do monolitismo da floresta no distrito de Coimbra eucalipto, eucalipto e ainda mais um eucalipto. As memórias dos enganos em matéria florestal estão vivas em muitos centros de investigação universitários; a Universidade de Coimbra, sobretudo, vem-se destacando no esquadrinhamento das causas dos incêndios. As medidas coercivas sobre eventuais pirómanos, o aumento do número de bombeiros e de carros de combate a incêndios, não servirão de nada se este jardim debruado de mar se transfigurar num deserto de pedregulhos e eucaliptos clonados. Francisco Curate escreve no JN, semanalmente, à quarta-feira f_curate@yahoo.com
Fonte: Jornal de Noticias
Portugal registou 4813 incêndios florestais e em locais de mato de Janeiro a 30 de Julho, o "menor valor dos últimos anos", anunciou hoje o comandante nacional de operações de socorro (CNOS), Gil Martins.
No período em análise, o domingo passado foi o dia com o maior número de incêndios florestais (123 ocorrências), sendo o distrito do Porto o mais fustigado, com 20 fogos, segundo dados da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC). Quanto à área ardida os valores são ainda provisórios, por ainda não ter terminado o mês de Julho. O último relatório da Direcção Geral de Florestas, divulgado a 16 de Julho, indica que os distritos que registaram as maiores áreas ardidas foram Setúbal (512 hectares) e Beja (489 hectares), entre áreas florestais e arborizadas. No entanto, o comandante dos bombeiros voluntários de Nisa afirmou ontem que no último incêndio naquele concelho - no passado domingo – arderam, pelo menos, 1500 hectares. Para a fase "Charlie" de combate aos incêndios florestais, de 1 de Julho a 30 de Setembro, a época de maior risco, o Governo anunciou ter disponíveis 8836 elementos (Bombeiros, GNR, PSP e outros), 1886 viaturas e 52 meios aéreos. Durante este período estão disponíveis 20 helicópteros ligeiros, oito médios e seis pesados, oito aviões Dromadair (aerotanques ligeiros) e seis Airtractor (aerotanques médios), quatro aviões anfíbios pesados (dois Canadair CL 215 e dois Beriev BE 200 ES), segundo a Directiva Operacional Nacional da Defesa da Floresta Contra Incêndios. As maiores áreas ardidas em Portugal registaram-se nos anos de 2003 e 2005, sendo que no primeiro caso arderam 425.726 hectares (286.055 em povoamentos florestais e 139.671 em matos) e no segundo 338.262 hectares (213.517 de floresta e 124.745 de matos e incultos), segundo dados da DGRF. O maior incêndio registado desde sempre em Portugal foi no concelho de Nisa em 2003, tendo consumido mais de 49 mil hectares de floresta.
No período em análise, o domingo passado foi o dia com o maior número de incêndios florestais (123 ocorrências), sendo o distrito do Porto o mais fustigado, com 20 fogos, segundo dados da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC). Quanto à área ardida os valores são ainda provisórios, por ainda não ter terminado o mês de Julho. O último relatório da Direcção Geral de Florestas, divulgado a 16 de Julho, indica que os distritos que registaram as maiores áreas ardidas foram Setúbal (512 hectares) e Beja (489 hectares), entre áreas florestais e arborizadas. No entanto, o comandante dos bombeiros voluntários de Nisa afirmou ontem que no último incêndio naquele concelho - no passado domingo – arderam, pelo menos, 1500 hectares. Para a fase "Charlie" de combate aos incêndios florestais, de 1 de Julho a 30 de Setembro, a época de maior risco, o Governo anunciou ter disponíveis 8836 elementos (Bombeiros, GNR, PSP e outros), 1886 viaturas e 52 meios aéreos. Durante este período estão disponíveis 20 helicópteros ligeiros, oito médios e seis pesados, oito aviões Dromadair (aerotanques ligeiros) e seis Airtractor (aerotanques médios), quatro aviões anfíbios pesados (dois Canadair CL 215 e dois Beriev BE 200 ES), segundo a Directiva Operacional Nacional da Defesa da Floresta Contra Incêndios. As maiores áreas ardidas em Portugal registaram-se nos anos de 2003 e 2005, sendo que no primeiro caso arderam 425.726 hectares (286.055 em povoamentos florestais e 139.671 em matos) e no segundo 338.262 hectares (213.517 de floresta e 124.745 de matos e incultos), segundo dados da DGRF. O maior incêndio registado desde sempre em Portugal foi no concelho de Nisa em 2003, tendo consumido mais de 49 mil hectares de floresta.
Fonte: Publico
MADRI (Reuters) - Incêndios florestais dizimaram 250 quilômetros quadrados de vegetação nas Ilhas Canárias, na Espanha, no ápice da temporada turística, o que obrigou à retirada de mais de 10 mil pessoas da região, disseram as autoridades na terça-feira.
O efeito do calor, na casa dos 40 graus Celsius, foi agravado pelos fortes ventos, o que levou ao fechamento de várias estradas na maior ilha do arquipélago, Tenerife.
A imprensa local já estima que 13.500 pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas desde domingo. Os serviços de emergência combatiam o fogo nas ilhas de Gran Canária e Tenerife.
Para a ministra do Meio Ambiente da Espanha, Cristina Narbona, a situação é "muito alarmante". Ela prometeu o envio de mais aviões-tanque para combater os incêndios.
"Esta manhã o vento diminuiu um pouco, assim como a temperatura. Embora a situação ainda seja muito complicada, esperamos ... que melhore um pouco", disse Paulino Rivero, chefe do governo das Ilhas Canárias. Ele não especificou quantos turistas tiveram de ser retirados das áreas afetadas.
Na segunda-feira, um juiz determinou a prisão em uma solitária de um guarda florestal que admitiu ter começado de propósito o fogo em Gran Canária. Ele estava descontente com seu contrato de trabalho, disse a Suprema Corte do arquipélago.
(Reportagem de Emma Pinedo)
O efeito do calor, na casa dos 40 graus Celsius, foi agravado pelos fortes ventos, o que levou ao fechamento de várias estradas na maior ilha do arquipélago, Tenerife.
A imprensa local já estima que 13.500 pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas desde domingo. Os serviços de emergência combatiam o fogo nas ilhas de Gran Canária e Tenerife.
Para a ministra do Meio Ambiente da Espanha, Cristina Narbona, a situação é "muito alarmante". Ela prometeu o envio de mais aviões-tanque para combater os incêndios.
"Esta manhã o vento diminuiu um pouco, assim como a temperatura. Embora a situação ainda seja muito complicada, esperamos ... que melhore um pouco", disse Paulino Rivero, chefe do governo das Ilhas Canárias. Ele não especificou quantos turistas tiveram de ser retirados das áreas afetadas.
Na segunda-feira, um juiz determinou a prisão em uma solitária de um guarda florestal que admitiu ter começado de propósito o fogo em Gran Canária. Ele estava descontente com seu contrato de trabalho, disse a Suprema Corte do arquipélago.
(Reportagem de Emma Pinedo)
Fonte: Reuters
Depois dos recordes atingidos no domingo e ontem, o calor vai dar tréguas hoje e amanhã. É pelo menos essa a previsão do Instituto de Meteorologia (IM), que antecipa para estes dias uma "descida acentuada" das temperaturas, sobretudo nas regiões do litoral. Sendo certo que, a partir de quinta-feira, os termómetros vão voltar a subir.
Se no domingo se tinham registado as temperaturas mais altas do ano em todos os distritos do país, com excepção de Faro, ontem apenas quatro das 17 estações meteorológicas do IM voltaram a assinalar novos recordes. Foi o caso de Lisboa, onde a máxima (medida no aeroporto) superou novamente os 40 graus: chegou aos 40,6, ou seja, mais 0,3 do que anteontem. Também em Beja houve uma ligeiríssima subida para os 42,4 graus. Coimbra e Porto registaram aumentos maiores, mas ficaram abaixo dos 40 graus - 39,3 e 35,6 foram as temperaturas máximas, de acordo com os dados oficiais do IM. A meio da tarde, no site do Instituto de Meteorologia, constatava-se ainda que em Santarém e Évora os termómetros também tinham ultrapassados os 40 graus (41,3 e 40,5 respectivamente).As altas temperaturas devem-se ao vento do quadrante leste, "muito seco e quente", que soprou do interior da Península Ibérica. "Apesar de estarem acima da média para a época, acabam por ser situações normais que acontecem no Verão", descreve Cristina Simões, do IM."Hoje vamos ter a situação completamente oposta. O vento vai rodar para oeste e transportar ar marítimo, com mais humidade", acrescenta. E é por isso que em várias regiões, como o Norte, os termómetros deverão cair para os vinte e poucos graus. Apesar da descida de temperatura de hoje, o IM coloca os índices de radiação ultravioleta outra vez nos valores máximos em quase todo o território continental. Aconselha-se cuidados redobrados com o sol, devendo evitar-se a exposição de crianças.São também vários os concelhos, sobretudo da Região Centro e no Algarve, que apresentam um risco de incêndio máximo, calculado a partir de condições meteorológicas e do "risco conjuntural", avaliado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde, até agora não há registo de mortes devidas ao calor, sendo certo que só dentro de alguns dias se poderá aferir um eventual impacto negativo das altas temperaturas desta semana na saúde pública.
Se no domingo se tinham registado as temperaturas mais altas do ano em todos os distritos do país, com excepção de Faro, ontem apenas quatro das 17 estações meteorológicas do IM voltaram a assinalar novos recordes. Foi o caso de Lisboa, onde a máxima (medida no aeroporto) superou novamente os 40 graus: chegou aos 40,6, ou seja, mais 0,3 do que anteontem. Também em Beja houve uma ligeiríssima subida para os 42,4 graus. Coimbra e Porto registaram aumentos maiores, mas ficaram abaixo dos 40 graus - 39,3 e 35,6 foram as temperaturas máximas, de acordo com os dados oficiais do IM. A meio da tarde, no site do Instituto de Meteorologia, constatava-se ainda que em Santarém e Évora os termómetros também tinham ultrapassados os 40 graus (41,3 e 40,5 respectivamente).As altas temperaturas devem-se ao vento do quadrante leste, "muito seco e quente", que soprou do interior da Península Ibérica. "Apesar de estarem acima da média para a época, acabam por ser situações normais que acontecem no Verão", descreve Cristina Simões, do IM."Hoje vamos ter a situação completamente oposta. O vento vai rodar para oeste e transportar ar marítimo, com mais humidade", acrescenta. E é por isso que em várias regiões, como o Norte, os termómetros deverão cair para os vinte e poucos graus. Apesar da descida de temperatura de hoje, o IM coloca os índices de radiação ultravioleta outra vez nos valores máximos em quase todo o território continental. Aconselha-se cuidados redobrados com o sol, devendo evitar-se a exposição de crianças.São também vários os concelhos, sobretudo da Região Centro e no Algarve, que apresentam um risco de incêndio máximo, calculado a partir de condições meteorológicas e do "risco conjuntural", avaliado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde, até agora não há registo de mortes devidas ao calor, sendo certo que só dentro de alguns dias se poderá aferir um eventual impacto negativo das altas temperaturas desta semana na saúde pública.
Fonte: Publico
A situação que se vive nas Canárias é dramática. Os violentos incêndios que lavram desde a passada sexta-feira naquelas ilhas espanholas já destruíram mais de 35 mil hectares de floresta e dezenas de casas, obrigando a desalojar mais de 12 mil pessoas.
As autoridades locais apelam às populações e turistas para não se deslocarem, em nenhuma circunstância, para o interior, devendo permanecer nas zonas costeiras. O primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, interrompeu uma visita à Catalunha para se deslocar hoje ao arquipélago.Apesar da gravidade da situação, as zonas balneares e turísticas parecem não estar a ser afectados pelas chamas. Em declarações ao Correio da Manhã, António Cabreras, agente turístico do Mundo Vip nas Canárias, adiantou que “os incêndios estão concentrados sobretudo nas zonas montanhas, longe das praias”, acrescentando que “os turistas não estão a ser prejudicados”. Mas o governo autónomo das Canárias considera “dramática” a situação e anunciou “apoios adicionais” às populações afectadas. Uma ligeira redução da temperatura e do vento poderá ajudar hoje no combate às chamas. Centenas de efectivos – entre militares, civis e voluntários – combatiam ontem as várias frentes dos fogos, numa operação que conta ainda com 14 meios aéreos, os únicos que se revelam eficazes no combate às chamas dada a orografia das ilhas.A ministra espanhola do Ambiente, Cristina Narbona, anunciou já o envio de mais meios aéreos e humanos para combater os incêndios. De visita ao arquipélago, Narbona afirmou que vão chegar hoje mais helicópteros, aviões de combate a incêndios a Tenerife e Grã Canaria.A Fundação Canária para a Reflorestação refere, por seu turno, que as chamas já destruíram mais de um terço da superfície florestal da ilha, pondo em risco a sobrevivência de cerca de 30 espécies de fauna e flora. Os incêndios afectaram um triângulo ecológico importante, formado pelos pinhais de Inagua, Pajonales e Ojeda, bem como as zonas da Presa de las Niñas e de Chira, o pinhal de Pilancones e a zona do Barranco de Fataga.
Fonte: Correio da Manhã
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