sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Proteja um planeta que é cada vez menos azul e verde.

O Corpo de Bombeiros registrou durante os primeiros nove dias do mês de agosto 55 ocorrências de incêndios florestais, sendo que no mesmo período do mês de julho foram registradas 26. O município mais afetado pelos incêndios florestais é o da Serra, onde, durante esta semana, foram registradas 13 ocorrências.Houve um aumento de aproximadamente 110% no número de incêndios florestais durante o período, em virtude da continuidade de baixa umidade relativa do ar e incidência de raios solares, aliadas à falta de chuva.O Corpo de Bombeiros recomenda à população que tenha cuidado com o lixo, não queimando resíduos em terrenos baldios, pois podem propagar as chamas para outros locais. A realização de queimadas para a limpeza de terrenos também não é recomendada para os produtores rurais. Quem trafega pelas rodovias que cortam o Estado deve redobrar os cuidados, evitando jogar guimbas de cigarro ou outros objetos que possibilitem a eclosão de chamas.
Fonte: Gazeta
Até estou a escrever baixinho, com receio de fazer despertar a fúria do monstro das chamas, só por me atrever a considerar a sua existência. Até agora, esse verdadeiro devorador da floresta portuguesa, que nos meses de Verão tem posto as garras de fora com violência destruidora, continua adormecido, este ano, apenas com um ou outro bocejo, que pouco tem incomodado.Com as condições de temperatura, humidade e vento que se têm feito sentir, a mais pequena faísca pode acender o rastilho e é isso que nenhum de nós, portugueses, quer ver acontecer. Nesta perspectiva, a feliz frase escolhida pelo Governo, considerando que “Portugal sem fogos depende de todos”, tem cada vez maior aplicação e actualidade. Sou o tipo de português, tal como a grande maioria, que sente uma grande angústia quando observa os incêndios florestais a progredir terreno fora, assistindo à impotência dos meios de combate para fazer estancar o avanço da destruição. Isto tem acontecido ao longo das duas últimas décadas, sem tréguas. Tanto quanto a memória me permite recordar, só este ano chegámos à segunda semana de Agosto sem sentir aquele cheiro queimado que nos dificulta a respiração e intoxica a alma. Era tão bonito que pudéssemos atingir o fim deste Verão sem ter de fazer a negra contabilidade dos hectares ardidos em fogos criminosos ou negligentes! Gosto de um Verão como este. Poder olhar o céu azul da manhã sem vislumbrar qualquer cortina de fumo. Sentir a brisa de uma tarde quente, sem pensar que pode ser algum vento de desgraça. Aprecio a limpidez e o silêncio de um céu nocturno, tranquilo e estrelado, sem a intromissão das luzes feéricas e das sirenes dos carros dos bombeiros. Alguns profetas da desgraça têm vindo a alertar para o facto de que a Primavera chuvosa promoveu o crescimento da vegetação rasteira, pasto apetecível para as chamas. Mas, também tenho visto o trabalho empenhado dos sapadores florestais, um pouco por todo o país, garantindo as faixas de limpeza e protecção em redor das aldeias e nas bermas das estradas. Pode ser que esteja a ter um olhar enviesado em relação à verdadeira realidade do país, nomeadamente quanto à limpeza das matas, mas quero acreditar que o monstro das chamas está de barriga cheia pela voragem dos últimos anos, e que assim vai continuar, adormecido, até ao regresso da estação das chuvas.
Fonte: As Beiras

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