Um dos coordenadores do projecto "Fire Paradox", o investigador Eric Rigolot, defendeu uma nova estratégia europeia na gestão dos incêndios florestais, com recurso ao próprio fogo na prevenção e combate."O fogo é um agente de destruição mas também pode ser uma poderosa ferramenta na gestão florestal", afirmou o investigador do Institut National de la Recherche Agronomique (França), ao preconizar a "definição de uma nova estratégia europeia" neste domínio.Eric Rigolot intervinha na sessão de apresentação da "II Base Científica Europeia do projecto ´Fire Paradox´ - Uma abordagem inovadora e integrada à gestão florestal", que culminou a estadia em Portugal, nomeadamente no Centro de Operações e Técnicas Florestais da Lousã, de vários parceiros do consórcio e de participantes ligados a entidades que actuam nesta área."Verões recentes, com violentos incêndios, mostraram que os meios de combate clássicos foram incapazes de controlar a situação: não se apaga este tipo de incêndios com água", sustentou o investigador.Segundo o co-coordenador do projecto europeu iniciado em 2006, e que conta com 35 parceiros de 17 países da Europa e do resto do mundo, o "Fire Paradox" quer contribuir para a definição de "uma nova estratégia, com uma base científica e tecnológica, implementando o conceito de gestão do fogo"."O ´Fire Paradox´ quer criar uma base para novas políticas e novas práticas para a gestão do fogo, introduzindo o fogo como instrumento para a gestão dos incêndios florestais", defendeu.Na definição desta estratégia, que deve ser sustentada num "melhor conhecimento da ecologia e comportamento do fogo, o "Fire Paradox" pretende contribuir através da aposta nos domínios da investigação, desenvolvimento e disseminação, potenciado graças ao intercâmbio entre os vários membros do consórcio.O fogo controlado, para reduzir o combustível, ou o fogo de supressão, utilizado no combate para acelerar ou fortalecer as acções de controlo e extinção de um incêndio, são algumas das facetas exploradas no âmbito deste projecto.De acordo com António Salgueiro, especialista em fogo da Direccção-Geral de Recursos Florestais (DGRF), a técnica de contra-fogo, em que se faz "uma ignição de emergência para dividir, atrasar ou encaminhar em determinada direcção a frente de chamas", é muito utilizada em países como a Austrália, Estados Unidos da América e Argentina e começou a ser aplicada com sucesso em Portugal, por equipas credenciadas para o efeito. Ao intervir na sessão, Paulo Mateus, sub-director da DGRC, adiantou que, desde 2006, foram realizadas cinco acções de formação para credenciação de técnicos em fogo controlado, envolvendo 80 técnicos e 100 sapadores florestais. Três outras acções formativas em avaliação e planeamento do fogo controlado foram frequentadas por mais de 100 elementos, de diversas proveniências (associações florestais, municípios, protecção civil, Instituto da Conservação da Natureza, entre outras). Além da formação de cerca de 100 pessoas em análise do comportamento do fogo e em fogo de supressão, foram constituídos seis Grupos de Análise e Uso do Fogo (GAUF), com um total de 18 elementos, equipas móveis com base na Lousã, Vieira do Minho e Mafra.
Fonte: Diario dos Açores
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