Roma, 13 mar (EFE).- O mundo reduziu para 7,3 milhões de hectares a perda anual líquida de superfície florestal, embora os indícios de que a mudança climática a afetará profundamente sejam cada vez mais claros, segundo o relatório "Situação das Florestas no Mundo", publicado hoje pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).Um pouco menos de 4 bilhões de hectares de florestas cobrem 30% da Terra e, enquanto o desmatamento segue aumentando a "uma taxa alarmante", as plantações de florestas e sua expansão natural "reduziram consideravelmente a perda líquida de superfície florestal".O relatório aponta que a perda de superfície florestal total foi de 3% entre 1990 e 2005 (uma média de 0,22% ao ano), enquanto "diminuiu ligeiramente" de 2000 a 2005 (0,18%), "o que constitui um progresso", embora signifique o desaparecimento de 20 mil hectares por dia.Entre os dez países que reúnem 80% das florestas primárias, Brasil, Indonésia, México e Papua Nova Guiné sofreram as maiores perdas entre 2000 e 2005.A América Latina e o Caribe são, junto com a África, as duas regiões que perdem florestas a um ritmo mais elevado, com uma taxa anual média líquida de 0,51% (2000-2005), embora registrem "consideráveis" esforços.O relatório, apresentado na abertura da 18ª sessão do Comitê Florestal da FAO, examina os progressos "muito desiguais" rumo a uma ordenação florestal sustentável.Os países desenvolvidos de clima temperado fizeram "consideráveis progressos", com a superfície florestal se mantendo ou crescendo.Mas as regiões de economias em desenvolvimento e clima tropical seguem perdendo florestas, embora "sejam observadas tendências positivas".O relatório alerta que "há indícios cada vez mais claros de que a mudança climática afetará profundamente as florestas", da mesma forma que aumentarão os danos provocados por incêndios, pragas e doenças.As florestas podem contribuir "de maneira importante" para atenuar a mudança climática, mas o mundo enfrenta "obstáculos políticos e burocráticos que limitam a utilização do Protocolo de Kyoto como instrumento para ajudar a deter o desmatamento tropical", diz a FAO.O documento também adverte sobre a desertificação, "um dos processos mundiais mais alarmantes de degradação ambiental", que afeta mais de um terço da superfície terrestre e 1 bilhão de pessoas, "com conseqüências potencialmente devastadoras" para os meios de subsistência e segurança alimentar.A África Subsaariana é a região "com o índice de desertificação mais elevado do mundo", fenômeno que afeta, entre outros lugares, um quarto da América Latina e Caribe e um quinto da Espanha.Calcula-se que, até 2020, cerca de 135 milhões de pessoas corram o risco de ter de abandonar suas terras devido à contínua desertificação, 60 milhões delas na África Subsaariana.Quanto à superfície florestal total, o relatório mostra que a África perdeu 9% entre 1990 e 2005, mas "nem todo o panorama é sombrio", pois foram firmados compromissos políticos para destinar mais de 3,5 milhões de hectares para a conservação da diversidade biológica sob a administração da FAO.Na Europa, com exceção da Rússia, a superfície florestal em 2005 abrangia 193 milhões de hectares, o que representa um aumento de quase 7% desde 1990.O aumento líquido médio anual (2000-2005) do terreno florestal foi de 0,07%, resultado devido em grande parte aos "incrementos substanciais registrados" em vários países, liderados por Espanha, com um aumento médio de 296 mil hectares anuais, e Itália, 106 mil hectares.Alguns fatores, no entanto, causam preocupação na Europa, como a diminuição do emprego no setor florestal e sua contribuição à economia.A Rússia informou uma perda líquida de superfície florestal (2000-2005) equivalente a uma redução média de 96 mil hectares anuais (0,01% do total).A superfície florestal líquida aumentou na Ásia e no Pacífico (0,09%), "invertendo a tendência descendente das décadas anteriores", mas se limitou à região leste, onde um grande investimento em plantações na China compensou as elevadas taxas de desflorestamento de outras partes.Os três países da América do Norte dispõem de consideráveis recursos florestais, mas enquanto a superfície é estável no Canadá e nos Estados Unidos, no México está diminuindo, embora esta taxa esteja se reduzindo. EFE cr pp/af
Fonte: Ultimo segundo
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