1,3 milhões de euros para recuperação da Mata do Bussaco
Os projectos ficam concluídos em Março, o concurso é resolvido até ao final de Julho e o início das obras está previsto para Agosto. A revitalização da Mata Nacional do Bussaco vai finalmente avançarHá mais de 15 anos que se fala na revitalização e dinamização da Mata Nacional do Bussaco, local histórico por excelência deixado ao longo dos anos ao abandono e numa completa degradação. Ontem foi dado o primeiro passo para a requalificação deste património através da apresentação do plano de ordenamento e gestão da Mata do Bussaco; e recuperação e valorização das infra-estruturas e projecto de prevenção estrutural do perímetro florestal do Bussaco. Simultaneamente, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas assinou um protocolo de colaboração com a Universidade de Aveiro que garante o investimento nesta primeira fase de revitalização deste espaço de culto «e símbolo de turismo de qualidade».Francisco Rego, da Direcção--Geral dos Recursos Florestais, sublinhou o «forte empenhamento» da Universidade de Aveiro na defesa deste importante património cultural e, daí, ressalvou a necessidade de avançar com o projecto de recuperação «o mais rapidamente possível» de forma a que os trabalhos avancem, também, com celeridade.Trabalhos que, garantiu o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Gonçalves, deverão iniciar-se no próximo mês de Agosto, depois da conclusão dos projectos, prevista para Março e lançamento do concurso de empreitada, que deverá estar concluído em Julho.O governante, aliás, explicou aos jornalistas que a este investimento inicial de 1,3 milhões de euros, outros se seguirão, para equipar a Mata do Bussaco com as «indispensáveis infra-estruturas, de planeamento de actividades de recreio, de espaços de investigação científica…» e sinalização para o visitante se orientar no espaço. (ver caixa).A apresentação dos planos de ordenamento, recuperação, valorização e prevenção, que decorreu num edifício anexo ao Hotel Palace do Bussaco, no “coração” da mata, esteve a cargo de técnicos da Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGRF) e da Universidade de Aveiro, cabendo a Nuno Lecoq, da DGRF, a explicação da actual situação da mata do Bussaco, que, além de fortemente degradada, apresenta enorme «susceptibilidade aos incêndios», um grande «défice de infra-estruturas», enorme «perda de expressão nacional e componente religiosa», para não falar na perda de habitat.Com o plano de ordenamento e gestão apresentado, este técnico garante a manutenção e valorização da biodiversidade, a conservação do arboreto, a recuperação do património cultural e religioso, a gestão sustentável da paisagem, mas também «um suporte para a criação de emprego».Aluna esteve um anoa viver na mataEste plano de ordenamento contempla também a criação de um Centro de Interpretação, que visa o estudo e a investigação da fauna e flora, viveiros, estufas, trilhos e recuperação de edifícios.Coube a vez ao docente do departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Carlos Fonseca, fazer o ponto da situação e planeamento da recuperação e valorização da mata, que «biologicamente constitui uma dos mais ricos conjuntos florestais e um grande valor ambiental».Carlos Fonseca actualizou os dados conhecidos relativos à fauna e flora e revelou que uma aluna da Universidade de Aveiro «esteve 12 meses a viver na mata» para verificar a interligação e comportamento animal e vegetal, explicando que, neste momento, existem na Mata do Bussaco cinco espécies de peixes, 10 espécies de anfíbios, 14 espécies de répteis, 65 espécies de aves e 22 espécies de mamíferos.Também o arquitecto Joaquim Oliveira, da Universidade de Aveiro, mostrou ao secretário de Estado a maqueta da recuperação de estufas e edifícios e das emblemáticas Portas de Coimbra.Os planos não ficavam completos sem a apresentação do projecto de prevenção estrutural do perímetro florestal do Bussaco, e o especialista da Circunscrição Florestal do Centro, Sérgio Correia, explicou que este projecto pretende criar uma Faixa de Gestão de Combustível (FGC) «integrante da rede primária no perímetro florestal» ao longo da cumeada da serra do Bussaco.Para isso, revelou, vão ser utilizadas equipas de sapadores florestais «através do serviço público» e, com a criação da referida Faixa de Gestão de Combustível, pretende-se cumprir três funções primordiais: diminuir a superfície percorrida por grandes incêndios, «permitindo e facilitando uma intervenção directa de combate na frente de fogo; reduzir os efeitos da passagem de grandes incêndios protegendo, de forma passiva, «vias de comunicação, infra-estruturas, zonas edificadas e povoamentos florestais; e isolamento de focos potenciais de ignição de incêndios, «como sejam as faixas paralelas à rede viária e as faixas envolventes aos parques de lazer e recreio».
Fonte: Diario de Coimbra
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