51 mortes em quatro anos justificam reflexão
Apesar de «muitos esforços por parte das autoridades», continua a haver perda de vidas, sejam bombeiros, sejam civis, em consequência dos fogos florestais. E estas são «situações que tendem a ser mais frequentes», afirmou, ontem, Domingos Xavier Viegas, responsável pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), organismo ligado ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra.Em quatro anos (entre 2003 e 2006), foram 51 as vítimas mortais dos incêndios florestais ocorridos em Portugal. Este foi, também, um dos aspectos em análise – os casos concretos – no curso sobre segurança pessoal no combate aos incêndios florestais organizado, ontem, pela ADAI, no qual se inscreveram 108 pessoas, de vários pontos do país, entre bombeiros, técnicos florestais e técnicos de gabinetes municipais. Para que, tanto quanto possível, não voltem a acontecer, observou Xavier Viegas, na sessão de abertura do curso que se debruçou sobre dois aspectos: o comportamento do fogo em situações extremas e a protecção individual, quer por meio de equipamentos, quer pelo cumprimento das regras de segurança.O professor catedrático recordou casos como o de Mortágua, a 28 de Fevereiro de 2005 – em que morreram três bombeiros de Almalaguês e um de Semide –, o de Guadalajara (Espanha), onde 11 pessoas perderam a vida, ou o de Famalicão da Serra (Guarda): sucumbiram cinco chilenos e um português.Ainda segundo Xavier Viegas, o curso integra-se no «plano da ADAI, de procurar melhorar a formação técnica e cientifica das pessoas envolvidas na temática dos fogos florestais», dando-lhes, simultaneamente, conta da evolução da investigação científica neste domínio.O CEIF dispõe de um laboratório na Lousã, para estudos sobre incêndios florestais, onde são simuladas algumas situações de comportamento do fogo, (em encosta, em desfiladeiro, sob influência do vento...), e está, também, envolvido em sistemas de vídeo-vigilância, para prevenção e combate imediato dos fogos.Álvaro Seco, vereador da Câmara de Coimbra com responsabilidades na Protecção Civil, referiu-se à «importância do comportamento humano» no âmbito da prevenção. «Podemos ter o melhor ordenamento florestal do mundo, que, se não tivermos um comportamento responsável, as situações de fogo ocorrerão sempre», disse.
Fonte: Diário de Coimbra
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